29.4.09

hiato.

perdi o tesão. anuncio um hiato sem previsão de volta.

beijos.

o que há de errado?

"o que eu tenho de errado?" se perguntava religiosamente ao fim de cada dia. o fato mais interessante é que ela tinha uma mania de perfeição que era irritante. ela sempre tentava tudo a seu máximo, quando não conseguia sempre se deprimia.

uma vez ela tentou amar. foi trocada por outra. não entendeu muito bem o que aconteceu, nem se ressentiu tanto. foi só um sentimento de ego ferido.

outra vez, ela tentou ser grande fazendo algo virtuoso. subiu até os céus e caiu de cara no chão quebrando dois dentes. isso foi um choque tremendo para seu ego. começou a pensar se ela realmente era tudo que ela achava que era. por ter conseguido realizar umas coisas fáceis, ela achou que conseguiria o resto. foi lá e tentou de novo. a nova tentativa resultou em uma perna quebrada e muita dor, além de umas risadas alheias de quem a viu tentando alçar vôo.

ela parou um pouco depois disso, férias, ela dizia. uns dois anos para se recuperar dos tombos não fariam mal a ninguém. durante esses dois anos ela tentou amar de novo, só para ver se seria capaz de se entregar a alguém novamente. descobriu que ainda não estava pronta e resolveu deixar a vida afetiva para depois e se entregou inteiramente ao trabalho e aos hobbies.

na tentativa da diversão ela chegou mais longe do que ela achou que chegaria. mas mesmo assim não foi suficiente para ela, largou tudo logo depois que viu que não levava muito jeito para a coisa, ela disse a todos que se cansou, mas era mentira e até ela se enganava com isso.

quando tentou ser a melhor no trabalho realmente o foi, só que caiu de cara na merda por confiar nas pessoas erradas. logo após esse episódio resolveu mudar de vida, ser uma boa pessoa e tentar fazer a vida de todos melhor.

foi quando conseguiu amar de novo. se sentiu solene, quase completa, tudo passou a fazer mais sentido e a vida ficou mais colorida. achou que seu deus a recompensava pela mudança de vida. ficou feliz pela primeira vez desde que se lembrava. não deu certo. perdeu duas pernas, dois braços, um rim e totalmente a vontade de viver.

ficou alguns meses de molho, sem nenhuma ambição ou expectativa. agora ela está a tentar de novo, perseguindo um sonho e pensando em mudar totalmente de vida. mas internamente ela já sabe que no fim vai ser como todo o resto. e jamais se cansaria de perguntar para seu deus: "o que há de errado comigo?"

não tinha nada de errado com ela, na verdade. ela que sempre queria mais do que ela podia conseguir e ainda não aprendeu a viver com isso.

27.4.09

cretinice alheia

Poste uma foto sua com alguém especial ou uma foto comprometedora!

sem foto.

Amaldiçoar 4 pessoas:
sem maldição

Avisar aos amaldiçoados sobre a maldição.
não

Cada pessoa amaldiçoada deve dizer 10 coisas aleatórias sobre si:

1. vou-me embora para pasárgada, lá sou amiga da rainha.
2. nunca paro de fazer cagada.
3. se o mundo acabasse hoje não me importaria nem um pouco.
4. não uso letras maiúsculas.
5. acabei de fazer cocô.
6. to lendo paulo coelho.
7. jamais falarei que o enredo é até interessante.
8. meu ego sumiu.
9. to começando a ficar com queimação porque compulsei e comi três coxinhas.
10. não tenho dinheiro nem pra comer.


Nome: cowy

Que dia é hoje?
olha alí em baixo, no fim do post.

Que horas são?
19:54 p.m. (HAHA FRUTA!)

Quantidade de velas no seu último bolo de aniversário.
não teve bolo, quiçá velas.

Furos nas orelhas?
sim.

Tatuagens?
sim.

Piercings?
sim.

Já foi à África?
sim.

Já ficou bêbado?
jamais. também não minto.

Já chorou por alguém?
Sim.

Já esteve envolvido em algum acidente de carro?
Sim.

Música Preferida?
coughing colors, tilly and the wall

Cerveja ou Champagne?
vodka

Metade, cheio ou vazio?
tá na metade.

Lençóis de cama lisos ou estampados?
tanto faz.

Filme preferido?
teu pai dando o cu.

Coca–Cola simples ou com gelo?
sem calorias e muito sódio.

Quem dos teus amigos vive mais longe?
em alguns meses, praticamente todos.

Melhor amigo(a)?
minha mão direita. (if you know what i mean.)

Quantas vezes você deixa tocar o telefone antes de atender?
todas, geralmente não atendo.

Qual a figura do seu mouse pad?
não uso mouse.


CD preferido?
nem tenho.

Mulher bonita?
as que não dão bola pra mim costumam me atrair um bocado.

Pior sentimento do mundo?
indiferença.

Melhor sentimento do mundo?
aquele que dá logo que você começa a fazer xixi depois de muito tempo segurando.

O que uma pessoa não pode ser para ficar com você?
homem. (HAHAHA)

Qual o primeiro pensamento ao acordar?
que merda, não morri.

O que eu faço agora?
você? não faço idéia.

Se pudesse ser outra pessoa, quem seria?
a gretchen ou a filha fancha dela.

Algo que você nunca tiraria de você?
minha mão direita.

O que é que você tem debaixo da cama?
corpos mutilados e um pau laranja de borracha.

Qual a sua banda preferida? Quantos shows dela você já assistiu?
sleater-kinney, nenhum.

Quem é o seu autor favorito? Quantos livros dele você já leu?
machado de assis e douglas adams. zilhões.

Uma frase?
se ninguém deixa você fazer alguma coisa, mande a merda e faça mesmo assim.
por mim mesma

Qual livro você está lendo?
vergonha de falar que é paulo coelho. mas é pra fins científicos.

Uma saudade?
o passado é passado, não sinto falta.

Uma característica?
não depilo as pernas com frequência.

Quem acha que vai responder mais rápido?
o aluno mais esperto.

Acredita em vida extraterrestre?
meu melhor amigo é um et.

Chão ou parede?
os dois.

Som alto ou música ambiente?
fones de ouvido, separando você da mediocridade ao seu redor.

Quantas pessoas já beijou?
HAHA, não faço a mínima idéia.

E quantas(o) amou?
nunca amei ninguém. amei as coisas que as pessoas me proporcionaram, não as pessoas.

O que anda ouvindo?
um monte de coisa, sabe, não sou surda.

O que anda comendo?
ninguém.

Ritmo, cor, fruta e bebida:
baião, transparente, FRUTA! prefiro "guloseimas", vodka.

Lugar, época e saudade:
cama, alguns meses atrás, orgasmo.

Com quantos anos você aprendeu a viver?
com todos.




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só porque era pra você, ju.

25.4.09

dilmarx, edilson marques, um punhado de pixels no seu computador

venho por meio deste declarar publicamente que não tenho vergonha do sr. edilson marques, que conheci em 2002, sabe de vários fatos envergonhantes da minha pessoa, tem fotos minhas que nem eu tenho, é chato pra caralho, tem um blog legal alí do lado, me influenciou diretamente a começar este blog.


tá feliz agora? chatão.

24.4.09

ao vencedor, às batatas

o mundo jamais voltará a ser o que era. o mundo não parou nem se importou, ninguém se importou na verdade. para você tanto faz, não é a sua vida mesmo, não chegou nem perto de ser sua vida. desde a infância vi um a um de quem eu gostava ser arrancado sem dó nem piedade do meu convívio próximo. o que acontecia com eles nunca soube, não sei se eles tiveram o mesmo destino fatídico que o meu, e acho que jamais saberei. só digo que a vida sempre foi muito injusta comigo.

nasci em uma família bem estruturada, tinha pais, irmãos mais velhos e irmãos mais novos. minha infância foi muito bem aproveitada, rolava pela terra com meus irmãos e primos, nunca fui à escola, nós não tínhamos esses luxos, aprendíamos mesmo na escola da vida: o que fazer, como fazer, como nos alimentar de forma correta para que crescêssemos e fossemos saudáveis, a vida nos ensinou tudo. fui crescendo como todos ao meu redor, éramos jovens, confiantes e até mesmo felizes.

na adolescência me apaixonei perdidamente, mais de uma vez. e todas eram minha cara metade, a outra metade da laranja, a alma gêmea, sem exceções. logo depois da primeira desilusão amorosa comecei a trabalhar, é necessário sair debaixo da saia da mãe e começar a fazer algo pela sua própria vida. se eu soubesse que aqueles seriam meus anos áureos teria aproveitado mais, mas a gente nunca sabe que estava por cima até estar por baixo. foi mais ou menos nessa época que meus pais e meus irmãos mais velhos sumiram e jamais voltaram. a última coisa que ouvi da minha mãe foi um até amanhã corriqueiro de quem se despede ao ir dormir. não preciso dizer que jamais soube do paradeiro deles.

trabalhei, trabalhei, trabalhei, fiz tudo o que eu deveria fazer para manter a casa e uma vida digna para meus irmãos mais jovens, me divertia um pouco, encontrei mais algumas almas gêmeas e hoje eu vejo como meus pais se encontraram e formaram uma família cedo, eu jamais teria esse destino. minhas alma gêmeas nunca vingaram, talvez tenha sido porque jamais fui capaz de gerar uma prole, jamais saberei e hoje isso não importa mais.

não sei como funciona onde você vive, mas onde eu vivi todos tinham que se alistar ao exército. homens, mulheres, crianças... e nós éramos chamados para o serviço só quando estávamos na nossa melhor forma. o jeito que me chamaram, que eu assumi como padrão porque só isso explicaria muita coisa na minha vida, foi totalmente inesperado. uma noite, logo após que havia colocado meus irmãos para dormir, bateram à minha porta. atendi, dois indivíduos mostraram documentos e falaram a frase que mudou minha vida: "precisamos de você.", quando eu tentei falar que precisava avisar meus irmãos sobre o chamado do poder superior simplesmente disseram que não havia tempo, e me arrastaram de lá, no meio da madrugada, sem que eu ao menos pudesse dizer aos meus irmãos o que estava acontecendo.

aí começou a viagem mais estranha da minha vida inteira. me encontrei em um universo paralelo muito estranho, não que fosse realmente um universo paralelo, mas era como se fosse. primeiro, logo depois que vieram me buscar à minha porta, me deparei com um mundo muito claro, diferente de tudo que eu já tinha visto durante minha existência. depois, me levaram a uma espécie de transporte, não sei definir exatamente o que era, mas eu nunca vi algo do tipo antes, era retangular, não tinha muita luz, mas mesmo assim já era mais claridade do que o que havia me acostumado, não sei descrever mais, não tenho muitos parâmetros para comparar esse meio de transporte, mas posso dizer que era muito estranho para os meus padrões comuns. havia muitos outros no mesmo transporte, ficávamos meio empilhados, uns por cima dos outros. ao olhar por uma fenda, vi muitos outros daqueles transportes totalmente cheios. naquela hora eu percebi que a guerra que iríamos enfrentar era enorme.

quando chegamos ao nosso destino, fomos todos jogados numa espécie de esteira, que nos levava diretamente a um chuveiro, que me pareceu que serviria para nos descontaminar de qualquer praga que poderíamos ter. a visão do chuveiro me assustou como nada antes na minha vida já havia feito, tentei gritar para os outros, dizendo que estávamos na mão do inimigo e todos os outros pareciam que partilhavam da mesma opinião que a minha. tentei pensar em um jeito para que nos uníssemos e conseguíssemos escapar, mas não tínhamos como fugir, tudo foi previamente arrumado para que nenhum de nós conseguisse escapar.

quando me dei por mim, o chuveiro estava muito próximo e gotas daquele veneno já tinham começado a espirrar em mim, tudo que poderia fazer era prender minha respiração para postergar o máximo possível minha existência. passei pelo chuveiro e quando percebi, já estava em um lugar muito esquisito, havia coisas sendo passadas em mim, aquilo era muito estranho mesmo, jamais havia passado por uma situação assim, eram como fibras sendo esfregadas contra meu corpo, assumi que era para ajudar a descontaminação ou para que o veneno penetrasse mais ainda em mim, uma vez que o líquido voltou a ser espirrado, mas com mais violência.

foi tudo tão rápido, que quando reparei, tudo já havia acabado e estávamos todos jogados em um canto qualquer esperando que o veneno surtisse efeito. nessa hora eu parei de tentar qualquer tipo de comunicação com meus superiores ou raptores e com os outros que estavam na mesma situação que a minha, percebi que nada que eu fizesse poderia surtir qualquer efeito. uma coisa que aprendi com meu pai: se não há nada que possa ser feito, não faça nada, você estará se ajudando mais do que se tentasse fazer algo. e assim fiquei lá, olhando ao meu redor e tentando entender aquele lugar estranho. se eu soubesse que ia passar por isso, teria avisado meus irmãos para fugirem ou jamais abrirem a porta no meio da madrugada.

depois de um longo tempo que estávamos parados, sem ter nada sendo feito conosco, resolveram nos pegar e nos colocar novamente em um meio de transporte parecido com o que nos havia trazido até lá, mas esse meio de transporte parecia ser mais maleável, menos incômodo. suponho que eles tenham feito isso porque o veneno não surtiu muito efeito em ninguém, só estávamos irreconhecíveis, mas, tirando isso, não havia qualquer outro efeito aparente. ficamos naquele meio de transporte por muito tempo, dias, semanas, não sei contabilizar, só sei que naquela altura eu já parecia alguém que nunca poderia ter levado o tipo de vida que eu costumava levar.

quando aparentemente chegamos ao nosso destino, nos mudaram de meio de transporte novamente, nunca entendi essa obsessão por meios de transporte que parecia haver. esse era retangular, mas tinha muito mais fendas que o primeiro. como eu consegui ficar em um lugar em que tinha uma boa visão do exterior pude olhar para um pedaço do meu entorno. era um lugar estranho, havia muitas raças diferentes naquela guerra, todas ordenadas graciosamente em batalhões de iguais. quando percebi como os batalhões estavam dispostos, consegui entender que eu também estaria em um batalhão similar, junto dos meus. e foi exatamente o que aconteceu. quando menos esperávamos fomos dispostos num batalhão somente nosso. quando vislumbrei o tamanho e a quantidade de batalhões fiquei com mais medo ainda. pela quantidade de combatentes, a guerra iria ser a maior do mundo.

fiquei esperando por muito tempo para entrar na batalha. nenhuma ordem ou palavra foi dirigida a mim desde a hora que bateram à minha porta de madrugada. nunca soube o que fazer, mas estava lá, com a maior sensação de insegurança que já tinha sentido, com medo e pensando se o mesmo havia acontecido com os outros que haviam sumido do meu convívio. até que um dia, escolheram a mim e mais uns cinco, nos colocaram em outro meio de transporte. naquela altura já havia perdido medo desses transportes estranhos e aceitei minha condição sem dizer palavra alguma.

quando meus companheiros e eu chegamos ao local da batalha, estranhamente fomos colocados em um lugar bem exposto por um tempo considerável, o lugar era estranho, havia pouquíssimos combatentes de pouquíssimas raças. ficamos lá, olhando o movimento até que o pior aconteceu.

pegaram-me e começaram a tirar toda minha pele. eu desmaiei de dor e sofrimento logo no início, e, incrivelmente, logo depois disso passei a ter essa consciência com a qual eu conto minha história, só que passei a ver tudo que acontecia como quem observa algo de fora. só sei que agradeci por ter perdido a consciência logo no começo, o que viria depois seria pior ainda, logo depois toda minha pele havia sido tirada, meu corpo inerte foi atirado em uma espécie de substância borbulhante. a mesma ação foi repetida com todos meus pobres companheiros de exército. depois de ter nos deixado lá por um tempo que me pareceu interminável, nos pegaram um a um a esmo e nos amassaram alucinadamente até que todas as nossas entranhas estivessem bem homogêneas e misturadas umas nas outras, de forma que jamais seria possível reconhecer qualquer um de nós separadamente, apesar de eu não ter parado de prestar atenção a um último pedaço de mim, conseguindo me localizar naquele amassado de corpos. adicionaram mais algumas coisas à grande massa que formávamos e misturaram muito bem para que tudo fosse incorporado e que ninguém fosse capaz de distinguir coisa qualquer.

no fim, só sei que começou uma discussão qualquer provinda de quem havia nos torturado daquela maneira. tendo a visão de fora, fui capaz de distinguir quatro primatas, dois pareciam ser mais experientes, dois mais jovens. o último pedaço que restava de mim que ainda era capaz de reconhecer foi parar em um aparato o qual o menor primata utilizava para levar o que havia em sua frente para uma reentrância que havia em o que eu julguei ser seu rosto. a essa altura da discussão o resto de mim acabou voando ao rosto do outro primata menor. eu diria que minha existência foi um tanto vã, já que a última coisa que tenho consciência de ter acontecido comigo foi ter voado ao rosto de alguém na forma de um simplório purê de batatas.

22.4.09

jorge pereira

[jorge pereira, quarenta-e-sete anos, contador. jorge costuma ser chamado de pereira na empresa em que trabalha e nos jogos de futebol aos fins de semana com os colegas de trabalho. ostenta um volumoso bigode castanho que contrasta poéticamente com sua careca brilhante. usa regatas brancas encardidas por baixo de suas roupas e as usa de pijama. jorge é divorciado, não tem filhos e é impotente. há alguns anos não consegue enxergar sua genitália ao olhar para baixo por causa da voluptuosa barriga que lhe confere um aspecto de pêra.]

jorge não tem muitos amigos, é um tanto sozinho. sua ex-esposa não deixou nem que ele ficasse com os peixes beta que eles mantinham como animais de estimação porque ela acreditava que ele não seria capaz de alimentá-los com a frequência exata. jorge não tinha com quem conversar, ninguém lhe dá a atenção que necessita, então passa muito tempo lendo e se informando, os livros lhe fazem companhia. jorge é muito culto, entende de literatura, filosofia e arte; usa desse conhecimento para impressionar menininhas pela internet.

o passa-tempo predileto de jorge é criar falsos usuários em sites de relacionamento e, assim, seduzir meninas que gostam de coisas culturais e que são inteligentes. mas ele nunca dá a entender que ele as está seduzindo, as envolve de tal forma que quando percebem elas já estão perdidamente apaixonadas por jorge e mostram-no seus sexos pela webcam. este é o ápice de seu divertimento, já que não consegue nem ao menos se masturbar enquanto vislumbra as imagens. jorge tem vivido assim por longos anos.

um dia, contudo, jorge começou a seduzir a menina mais interessante e inteligente que já conversara em sua longa jornada pela rede. a menina se chamava maria eduarda.

[maria eduarda, apelido duda, quarenta-e-nove anos, pensionista, com rugas e marcas de expressão. maria eduarda tem vários cabelos brancos que tenta esconder com tinta vermelha barata para cabelos e fica por um tempo considerável com as raízes aparentes, o que confere a seu cabelo um aspecto tricolor entre vermelho, preto e branco. ela é solitária como jorge, passa seu tempo livre em sites de relacionamentos e de encontros para pessoas maduras. maria eduarda também é aficionada por leitura e música boa. usa óculos e umas roupas florais esvoaçantes. decidiu usar o apelido de duda porque achou que lhe conferia um ar jovial e procura sempre estar antenada nas tendências das pessoas novas.]

jorge e maria eduarda se conheceram por meio de um site de relacionamento que tratava principalmente de música. começaram a conversar por longas horas. maria eduarda tinha certeza que jorge não era o que dizia ser, jorge sabia que maria eduarda não tinha vinte-e-três anos. conversavam sobre música, literatura e muitas coisas do aspecto mundano dos jovens, a diferença era a profundidade da conversa, os dois tinham opiniões muito bem formuladas e interiorizadas que pessoas com menos de quarenta não são capazes de demonstrar com tanta naturalidade.

jorge tentava usar os mesmos meios que usava com as outras meninas para ludibriar maria eduarda: falar que não tem fotos no computador que ele está, não disponibilizar webcam, usar algumas propriedades gráficas típicas de adolescente; mas maria eduarda já conhecia cada uma daquelas técnicas. maria eduarda tentava enrolar jorge como ela fazia com todas as outras pessoas, mas jorge também conhecia aquelas técnicas como a palma de sua mão. um desconfiava ensandecidamente do outro, mas se recusavam a demonstrar com medo de serem desmascarados, apesar disso, os dois eram extremamente inteligentes, tinham apreços muito similares e começaram a se interessar um pelo outro.

maria eduarda, que era um tanto mais aventureira que jorge, decidiu se declarar e contar a verdade sobre duda. jorge, vendo que havia conseguido seduzir uma mulher interessantíssima como maria eduarda, decidiu contar toda a verdade para ela, incluindo seu problema de impotência. maria eduarda ficou feliz ao conhecer o verdadeiro jorge, jorge ficou aliviado por ter sido aceito.

marcaram um encontro, foram assistir a um filme de arte, depois a um lounge ouvir jazz e conversar. maria eduarda estava na sua melhor forma, vestia sua melhor roupa floral e estava com um chamativo batom vermelho nos lábios. jorge estava nervoso, usava uma camisa azul claro que denotava o suor em suas axilas e sua barriga tentando fugir das calças, calças pretas e sapatos marrons, assim como as meias.

o encontro foi um sucesso, os dois conversaram muito, apreciaram a música e o filme, mas o relacionamento não foi pra frente. maria eduarda estava disposta a tentar acabar com a impotência de jorge, mas jorge descobriu que não sentia mais afeição por pessoas de verdade sem ser pela webcam.

maria eduarda voltou a procurar um amor pela internet, continua usando roupas florais esvoaçantes e recebendo sua pensão mensal.

jorge voltou a grande rede e continua ludibriando meninas até hoje com a mesma história. e todas continuam caindo. jorge pereira é um homem esperto e estranho.

21.4.09

das alterações climáticas

nem me lembro bem como tudo começou, na verdade, eu nem percebi nos primeiros meses, mas não sou normal. eu costumava ser normal, sabe? uma menina como outra qualquer, com os problemas de sempre, notas de provas, meninos, escola, espinhas, pais... era tudo como tudo deveria ser. e nem perceber sozinha eu percebi, uma amiga, uma vez, me disse como era engraçado como o tempo sempre acompanhava meu humor. eu pedi a ela que explicasse, ela disse que quando eu estava feliz, geralmente o céu estava azul, ensolarado, pássaros cantavam, o mundo parecia mais feliz; mas quando eu estava triste, o tempo fechava e ventava e chovia torrencialmente; quando eu estava com raiva, havia vendavais, raios, trovões; quando ficava desanimada o tempo esfriava, o dia nublava e uma leve garôa caia. ela disse que era coincidência, que o tempo afetava meu humor, mas ao longo do tempo percebi que era meu humor que afetava o clima, não o contrário.

nunca tinha falado sobre isso com alguém, sabe, é estranho. tinha medo que me mandassem para laboratórios para estudar essa minha habilidade, me encher de eletrodos, fazer exames, medir a quantidade de neurotransmissores que havia na química do meu cérebro... toda vez que pensava nisso, ficava com medo e o tempo mudava, então eu me forçava a pensar em coisas felizes para que o tempo voltasse a se firmar. me sentia responsável toda vez que chovia demais e inundava lugares, não queria que toda aquela tristeza fosse por causa da minha própria, eu só queria ser normal! tantos poderes que eu poderia ter, controlar o clima... que ironia.

ao rezar, eu perguntava a deus o motivo de ter sido eu, de não ser outro dom, mas nunca consegui resposta alguma. me sentia meio que uma pessoa renegada por deus, ele havia me congratulado com uma maldição e nem ao menos para rir de mim ele dava as caras. me sentia sozinha e incompreendida, eu era só uma menina que nunca tinha feito mal para ninguém deliberadamente, eu não merecia aquilo.

como não havia solução, fui vivendo daquele jeito, mas não me aquietei, pesquisava sempre que podia sobre esse assunto; e não é que um dia eu encontrei mais uma pessoa que tinha o mesmo dom que o meu? era um homem de meia idade, vivia em outro continente e parecia não se importar muito com a nossa capacidade de alterar o clima. ele me disse que se não fosse para ser assim, assim não seria, me disse também que havia encontrado uma mulher que tinha as mesmas características que as nossas, ela vivia no norte do hemisfério norte e que era triste, muito triste. ele me passou seu contato, e comecei a me corresponder com ela. conversamos por alguns meses e ela jamais conseguiu me explicar o motivo de tanta tristeza que ela sentia, mas ela descobriu mais uma pessoa que tinha o mesmo dom, esse homem conhecia mais algumas pessoas com as mesmas características, começamos a nos corresponder todos. no princípio não entendíamos muito bem o que acontecia conosco, mas resolvemos marcar um encontro para todos nos conhecermos pessoalmente e, talvez, descobrir um pouco mais do acontecimento raro que nos acometia.

quando nos encontramos, num país "neutro", aconteceu algo estranho. o clima no mundo inteiro mudou, ficou estranho e irreconhecível, as pessoas normais falaram que o fim do mundo estava próximo. dá para imaginar o que aconteceu no pobre país que resolvemos nos encontrar? houve uma tsunami enorme e acabou com o país, todos ficamos bem, mas procuramos nos afastar uns dos outros com o intuito de parar com aquela catástrofe. depois daquele dia, ao nos correspondermos, descobrimos que somos marionetes de deus, para que o clima no mundo seja harmonioso, que cada um de nós tem características diferentes que são condizentes com o clima em nossa região, uns mais tristes, outros sempre felizes, alguns muito bravos... e, que de geração em geração, pessoas distintas são agraciadas com esse poder sobre o tempo e outras voltam a existência normal, sem poder algum de mudança climática.

eu voltei a ser normal, mas realmente sinto falta de saber com certeza quando vai chover ou fazer frio inesperadamente. está nas mãos de outra pessoa agora. só espero que ela não demore tanto tempo quanto eu demorei para entender o que acontece com ela.


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para ş. que sem as críticas bem elaboradas e colocadas não teria conseguido. obrigada.

17.4.09

blá.

me privei de música por hoje. estou em vias de fazer a maior bosta da minha vida, ou finalmente consertá-la. finja que não leu.
como assim dá para sentir falta de algo que nunca existiu além da imaginação? como dá para sentir angústia de lembrar do que você não teve? como dá para se sentir mal por ter sido tirado do seu mundinho imaginário perfeito? como dá para preferir o seu mundinho à realidade? como dá para olhar para o que você não teve e desejar ter tudo de novo? como dá para querer ter tudo de novo, mesmo sabendo que nunca foi real? como dá para querer continuar tentando? como dá olhar para aqueles olhos e imaginar o que eles se tornariam? como dá para mudar o sentimento de conforto para mágoa, sofrimento e auto-tortura? como dá para prometer que nunca mais vai fazer de novo? como dá para fazer de novo logo depois de prometer que não o faria? como dá para destruir tudo? como dá para parar de acreditar nas coisas que você acreditava de um segundo para o outro e, depois de dois segundos, acreditar em tudo de novo? como dá para insistir em tudo isso sabendo que não vai adiantar de coisa alguma? como dá para ter orgulho de tudo o que aconteceu, quando você só se fodeu e isso não é mérito para você? como dá para falar que não faria nada diferente, quando, na verdade, você queria continuar o mesmo de anos atrás, antes da bosta começar? como dá para não querer que tudo tenha acontecido, se tudo se compilou de uma forma tamanha e ardilosa para que assim o fosse? como dá para sofrer muito mais do que não sofrer? como dá para se acostumar com o sofrimento e realmente gostar dele? como dá para gostar de algo que te faz mal? como dá para tentar resolver tudo tentando voltar a quando tudo começou? como dá para acreditar que isso possa ajudar em alguma coisa? como dá para continuar vivendo desse jeito? como dá para desejar morrer com todo afinco que lhe resta? como dá para não morrer com tanta vontade assim? como dá para querer continuar? como dá para não parar de tentar? como dá para não ter fome por meses? como dá para se aproveitar dessa situação pseudo-anoréxica para emagrecer tudo que você sempre quis emagrecer? como dá para ficar orgulhosa de se olhar ao espelho sabendo o motivo de você ter recuperado várias roupas virtualmente perdidas porque você jamais emagreceria para entrar nelas? como dá para fumar frenticamente e compulsivamente para tentar desenvolver um câncer mortal? como dá para acreditar que você teria morrido no mês passado? como dá para continuar acreditando que um dia vá dar certo? como dá para ter esperança quando todos os estímulos são negativos e sacanas? como dá para não se entregar desse jeito? como dá para não ligar o foda-se e mandar tudo à merda? como dá para ligar o foda-se se tudo é tão importante que lhe tira o sono? como dá para ter insônia quando você está muito cansado e boceja loucamente? como dá para não conseguir mais dormir direito? como dá para não conseguir dormir, e quando conseguir, não querer mais acordar? como dá para a melhor parte da sua vida ser a que você passa desacordado? como dá para não procurar um pisq-qualquer-coisa para ver se você tem jeito? como dá para pensar em procurar um pisq-qualquer-coisa para ver se ele lhe receita algum anti-depressivo só para misturar com álcool e ver se dá barato ou se você morre? como dá para falar isso para alguém com um tipo de ironia no ar, como se você não se importasse? como dá para não se importar? como dá para parar de sonhar e ser largado à mais horrível e cruel realidade? como dá para não entrar em desespero estando no meio de tudo e ao mesmo tempo fora? como dá para conseguir achar uma saída quando você é um rato burro que ainda não conseguiu entender o que o dono do laboratório quer de você? como dá para continuar indo atrás do queijo, pegando-o e levando choque toda vez? como dá para não aprender com os choques? como dá para não querer que alguém faça tudo isso parar, porque você já está ficando louco? como dá para pedir para parar quando, na verdade, você tá mesmo é gostando desse monte de bosta? como dá para ser masoquista a esse ponto? como dá para continuar sendo masoquista se tudo que você quer é que pare? como dá para pensar em publicar isso? como dá para continuar adicionando coisas com a esperança de ninguém ler? como dá para pensar que com uma visita depois de anos as coisas possam melhorar? como dá para pensar que isso é deliberadamente fruto de uma mente insana e doentia que achava que era sua dona? como dá para excluir as coisas boas que aconteceram só para pensar nessa teoria insana? como dá para contar hoje a coisa para única pessoa a quem você tinha medo de contar há quatro anos atrás? como dá para um despretensioso feliz aniversário se tornar nesse martírio? como dá para pensar que o feliz aniversário foi despretensioso? como dá para ter essa mente louca que bola planos mirabolantes que não fazem sentido pra ninguém, nem para você mesmo? como dá para colocar esses planos em prática e ainda ficar orgulhoso deles? como dá para apostar todo o resto de nada que você tem numa rodada em que você está blefando abertamente? como dá para ver se uma conversa pode melhorar as coisas? como dá para desconfiar de alguém que te amou e que continua te amando intensamente? como dá para ter medo dessa pessoa? como dá para não ter medo dessa pessoa? como dá para tentar buscar respostas para as perguntas que você nem sabe fazer? como dá para reatar algo que você conseguiu se livrar de forma incrível e astuta sem maiores problemas aparentes? como dá para achar que a maldição que se aplica à sua vida é resultado dessa fuga astuta? como dá para não ficar louco com tudo isso? como dá para não gostar da menina esperta que não dá a mínima para você? como dá para não tentar fazê-la feliz mesmo sabendo que isso é patético e deprimente? como dá para pensar remotamente em publicar isso só para ter o prazer que ninguém vai chegar a o ponto de ler até essa frase, e que se chegar ao ponto, vai comentar só porque você disse qeu não chegaria? como dá para pensar em publicar isso? como dá para tentar ser intimista quando você tem aversão a isso? como dá para escrever tudo isso às quatro da manhã de um dia que você acordou cedo para trabalhar? como dá para fazer a loucura e voltar lá? como dá para se preocupar com todas essas coisas ao mesmo tempo? como dá para se achar o máximo quando você não é nada além de um bostinha aspirante a qualquer coisa? como dá para continuar sendo patético acreditando que algo ainda vá dar certo para você? como dá para ficar assim? como dá para pensar que se você colocar a letra da mesma cor do fundo ninguém vai notar o espação branco e resolver selecionar o texto? como dá para pedir que ninguém fale nada? como dá para pedir aos outros que finjam que não leram só para você se sentir melhor consigo mesmo e com a sua mediocridade? como dá para tentar resolver essas coisas, quando elas não tem solução?

medo.

12.4.09

diálogo sadio de casal

tenho sono, me deixe dormir! não, não quero você aqui! saia antes que eu lhe faça sair à força. não quero conversar com você agora. mas, por favor, é só um segundo, é importante. para o inferno com a importância, saia antes que eu pegue uma faca e lhe degole! só me deixe explicar, por favor? o que você quer explicar, seu retardado? que colocaram cocô no lugar do seu cérebro?! que você é o mais baixo dos animais? seu puto! mas, meu bem, por favor, pare de me empurrar para a porta, abaixe essa faca! ABAIXE ESSA FACA!!! *SLAM!!!* ... ... ... *TOC TOC!!!* ... ... ... *toc toc?!* ... ... *toc????* amor? abra a porta, por favor? ... amor? ... meu bem, vamos conversar, por favor? ... amor, fale comigo, você está me assustando... coração, você está bem? por favor, responda... ... SAI COM ESSA FACA DAQUI, SUA LOUCA! VOCÊ NÃO QUERIA QUE EU ABRISSE A PORTA PARA VOCÊ, SEU VAGABUNDO??? NÃO QUERIA??!! agora você vai, ahhh, vai sim, vai conhecer... minha mais nova amiga! amor, por fav- e eu? ah... eu vou, FI-NAL-MEN-TE, conhecer sua beleza... isso, querida, calma sua beleza interior, SEU BASTARDO! SUA PIRANHA LOUCA! VOCÊ QUASE ME MATOU JOGANDO ESSA MERDA DE FACA NA MINHA DIREÇÃO, SUA VAGABUNDA!! essa-faca-não-foi-nem-o-começo... espere até conhecer nossa mais nova amiga que eu comprei essa semana pela internet pra te dar de presente de aniversário... ah, amor, que gentil, não precisava comprar um presente para mim. você é o máximo! estou entrando, posso? pode-sim-queeeriiido... assim é melhor, você a verá mais de perto... NÃO, NÃO, amorzinho, abaixe essa furadeira, desligue da tomada, por favor... *wiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrhhlllllll* agora... você... vai... aprender... a... NUNCA... MAIS... NA SUA VIIIDA... não, não, meu amor, por favor, me deixe explicar... explicar o que, seu cretino?! que você não consegue segurar esse protótipo de pau dentro das calças?! não, amor, não foi iss- NÃO FOI ISSO O CARALHO!!! EU VI! pára, pára de jogar a decoração em cima de mim! sua louca insana! ... ... isso, se acalma, tira a furadeira da tomada... isso, assim está ficando melhor... me desculp- não, meu amor, me desculpe você... isso, sente aí na cama. assim, isso, assim está melhor. ... nossa, como você está tenso, vou lhe fazer uma massagem. sua louca, me desamarra, tira esse monte de fita daqui! VOCÊ PASSOU SUPER BONDER NA CAMA, SUA INSANA???? HAHAHAHAHAHAHAHA, otário! HAHAHA!!! você não queria falar? então, agora você vai explicar tudinho! só que, *wiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrhhlllllll* se eu não gostar da explicação, *wiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrhhlllllll*, você será formalmente apresentado à nossa mais nova *wiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrhhlllllll* companheira! mas, amor... mas, amor o que? você não queria se explicar? aqui está sua chance. se explica agora! tá, amor, te explico... mas fica calma, por fav- *BAM, BAM, BAM* AQUI É DA POLÍCIA, ABRA A PORTA AGORA! ... SE NÃO ABRIREM A PORTA EM UM MINUTO IREMOS ARROMBAR!! *BÂM, BÂM, SBROMCH, CRASH* a sala tá limpa, veja a cozinha, madureira! ... cozinha limpa, devem estar no quarto *wiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrhhlllllll* HAHAHAHA amor, pára, por favor, a polícia tá aí! SUA PIRANHA LOUCA, PÁRA COM ESSA MERDA, CARALHO! senhora, por favor, coloque essa furadeira no chão e vire para a parede!cuidado, seu policial, ela está louca, variando total, ela é capaz de qualquer coisa! senhor, por favor, não interfira, esse é assunto da polícia. senhora, por favor. isso, assim, com calma. agora, se vire para a parede. coloque as mãos atrás da cabeça. isso, muito bem. madureira, solte o homem, por favor. obrigada, senhor policial. filho da puta, se eu for fichada por sua causa...senhora, fique quieta para seu próprio bem. agora os dois para a delegacia. só viemos com uma viatura, então quero que vocês se comportem, se eu tiver que parar o carro uma vez só para coibir o comportamento insano de vocês vai ser desacato, aí vocês vão ter que se virar com a justiça. ... ... amor... posso lhe explicar agora? calados aí. que merda, tanta coisa mais importante pra fazer, ter que levar um casal de loucos pra delegacia... ... ... ... isso, agora desce do carro e me acompanhe. ... o que, o delegado não está?! que merda! aí, vocês dois, vão ter que ir pro xadrês. vão ficar em celas separadas, mas vão ficar em celas vizinhas, pra ver se um de vocês consegue colocar juízo na cabeça do outro. ... ... isso, entra aí. ... agora você. amor..? que foi, seu puto? deixa eu explicar... fala, não posso ir a lugar algum por sua causa! amor, ela é uma amiga minha, uma urologista. tava sentindo uma coceira no pau, daí, como ela estava por aqui, pedi pra ela dar uma passadinha para ver o que era... ah, e eu sou o bozo, seu infame! é sério, amor, não notou que ela usava luvas??! é... agora estou me recordando... jura para mim que é verdade, meu amor? juro, princesa, aqui, me dê sua mão. olha, dessa vez eu te perdôo, na próxima você já sabe qual parte do seu corpo será mutilada, né? sei sim, meu amor... essa gente nunca será capaz de entender um casal que se ama, não é? é verdade...

10.4.09

sobre música, bateria e dias passados.

hoje foi um dia dos mais difíceis de acontecer. levantei antes das três da tarde num dia que não teria que trabalhar, passei a tarde inteira pegando pedaços pela casa, limpando e montando minha bateria. ainda consegui sentar atrás dela e tirar um sonzinho. depois desmontei, limpei mais um pouco, organizei todas as coisas e desmontei. sinto falta de tocar. fazia tanto tempo que eu não olhava para todas as peças juntas e montadinhas que eu não lembrava o quanto ela é linda. o quanto eu amo o fato de eu ter conseguido realizar um sonho ao comprá-la e ao ter aprendido a tocar.

quanto era impossível no começo eu manter o tempo e até entender que raios um tempo era! coisa inimaginável para um baterista. ela me ajudou muito a evoluir tocando. há um ano tenho tocado air drums pelo simples fato de não poder tocá-la. tinha que sentar atrás dela e ver se eu tinha conseguido aprender as coisas que eu achei que eu tinha aprendido, e não é que eu aprendi mesmo?

estou nostálgica e vou escrever sobre como eu comecei a tocar. uma porque você que lê provavelmente não sabe a peleja travada que foi para essa que lhe fala aprender a tocar mal um instrumento musical outra porque eu estou afim de me mostrar um pouco.

tudo começou em 2004 ou 2005, não me lembro direito. cursinho pré-vestibular, a época que eu aprendi a viver aos olhos de alguns e desandei aos olhos de outros, vida social em crescimento acelerado, quando uma menina bem idiota vira e fala a seguinte frase: "vamos fazer uma banda?" e essa que vos escreve responde "porra, demorou!". na época, não sabia tocar nada, muito menos cantar. mesmo assim fomos em frente. e não é que a bandinha deu certo? deu mais certo do que eu queria que tivesse dado no começo da história. cheguei até a ir para outro estado tocar, e foi a viagem mais legal da minha vida. isso tudo foi um grande sonho incrível realizado. um sonho que não teria condição alguma de ter sido realizado. não tenho talento musical algum. sou uma pata.

quando eu era adolescentezinha, 14, 15 anos, eu sempre ficava triste depois de assistir a qualquer apresentação musical ao vivo e não entendia bem o motivo. depois de um tempo eu descobri que era porque eu queria muito ter uma banda e estar em cima de um palco com pessoas olhando pra mim e pulando ou balançando a cabeça ou batendo o pé no ritmo da música. mas, mesmo assim, não tinha talento musical algum, isso jamais aconteceria. então, quando a menina idiota mencionada acima falou a frase que também já foi escrita, ela mudou minha vida. começamos com a banda, chamamos mais uma pessoa, e a configuração inicial foi duas guitarras, as duas meninas, e vocal, eu. eu não sei cantar, nunca aprendi e não tenho o mínimo talento. mas fomos levando assim, descobrimos que tínhamos muita química musical, compor músicas era extremamente fácil para nós três.

até que aconteceu algo extremamente inusitado, inesperado e bizarro. uma professora de inglês que tive estava migrando de instrumento musical e ela não tinha espaço para o kit de bateria dela. ela simplesmente me deu o equipamento dela. assim, sem mais nem menos, ela deu. tudo bem que o equipamento não era lá grande coisa, mas para quem não tinha nada, foi algo incrível, sou eternamente grata à ela. com a chegada inesperada do instrumento mais caro e mais difícil de achar alguém que tocasse, chamamos uma menina que estudou na mesma escola que eu para tocar baixo, a menina que falou a frase que mudou minha vida foi para os vocais e eu assumi os tambores. logo depois disso acontecer, um amigo me apresentou um amigo dele que nos chamou para fazer um show. o logo depois que me refiro é questão de um dia ou dois. falei com as meninas, topamos e fechamos o show. teríamos um mês para fazer um setlist com músicas próprias e covers e, o mais difícil, eu teria um mês para aprender a tocar todas as músicas.

aí, você pode pensar: "ah, um mês, de boa.". não, não era de boa. lembro-lhe que estamos falando de mim, a pessoa que não tem talento musical. a pessoa que não sabia o que era tempo, não tinha o mínimo de coordenação motora básica, imagina interdependência nos quatro membros? era algo inimaginável aprender a tocar um set list com mais de dez músicas em um mês. absolutamente ninguém acreditava que eu conseguiria, membros da banda chegaram a sugerir que arrumássemos um baterista de verdade para tocar naquele show. nem mesmo minha mãe acreditava que eu conseguiria. o mês passou, ensaiamos loucamente durante todo ele e só lhe digo uma coisa: foi o show que eu menos errei em toda minha vida. foi um dos dias mais felizes da minha vida, foi o dia que eu tive tudo que eu sempre queria ter tido.

depois disso, e com um emprego estável e decente, comprei uma bateria de verdade, a mesma que me acompanha até os dias atuais. fui melhorando aos poucos, a banda foi crescendo, ganhando espaço, fazendo até dois shows no mesmo dia, sendo convidada pra festivais grandes da cena que tentávamos conseguir algum espaço. gravamos um cd demo que ficou bom, fomos tocar fora do estado, fizemos shows em casas de show de respeito na cena alternativa de são paulo. no meio tempo, comecei a fazer aulas. fiz seis meses de aulas com um professor que tocava muito bem mas eu não sei bem se ele era um bom professor ou não, o que importa é que eu evoluí um pouco. logo depois disso, larguei a banda, a bateria e a música. pensei em vender a bateria e todo o equipamento que comprei para usar o dinheiro para outras coisas, pensei em largar a música e tudo mais, afinal, meu sonho já tinha se realizado.

nos últimos tempos tenho sentido uma falta imensa de tocar. imensa mesmo. talvez eu entre para uma banda e estou montando um praticável (para os leigos é uma paradinha que dá pra treinar bateria sem fazer barulho). a música volta aos poucos à minha vida, ela faz falta e talvez eu volte a estar feliz como eu estava na época da finada banda.

escrevi tudo isso porque brincar de montar a bateria e sentar atrás dela e tocar um pouco me fez ver o quanto isso é importante pra mim e hoje eu acho que eu nunca vou vender minha bateria ou me desfazer dela. nós duas ainda vamos conseguir muita coisa juntas.

9.4.09

notas mentais:

- parar de postergar o trabalho que tenho que fazer em casa para a hora que eu cansar da internet. dormir às quatro da manhã para acordar super cedo e ainda ensinar o dia inteiro não é uma coisa das mais saudáveis de se fazer.

- diminuir o número de cigarros que eu fumo durante o período que estou na frente do computador.

- pensar urgentemente em algo para fazer da vida. não dá mais para ficar acreditando que algum dia eu vá viver de uma banda ou de um livro de sucesso - nem terei saco pra ser professora pra sempre.

- guardar dinheiro para morar com meus amigos e comprar eletrodomésticos e NÃO comprar um hd externo.

- tentar ser menos idiota.

acho que é só isso.

3.4.09

sozinha, no escuro

sozinha, no escuro ela alucinava. notava sons disformes provindos de alguma região estranha. nenhuma fonte de luz visível, ninguém para tirá-la de lá, nada além do ar gélido da madrugada, sem nenhum cobertor ou qualquer fonte de calor, ela tremia despida sozinha no escuro.

ninguém havia chegado tão longe na escuridão de sua alma. ninguém havia sequer chegado perto dela. já se acostumara a estar na escuridão total, os outros sentidos se desenvolveram mais que o normal, ela notava coisas que ninguém jamais conseguira, ela tinha muito mais do que qualquer um pudesse sonhar em conseguir, e conquistou tudo, sozinha, no escuro.

era humana, apesar de tudo. tinha consciência, inteligência, malícia e um toque um tanto singelo de podridão, definitivamente era humana. o escuro a confortava, a deixava mais forte, a escuridão intransponível era sua barreira contra todas as coisas indesejadas, toda dor e todo sofrimento. o escuro era seu escudo. um escudo que lhe fazia muito bem, além de protegê-la, ele havia conseguido que ela desenvolvesse outras habilidades, outros pontos de vista - mesmo sem conseguir enxergar -, outras sensações, outra forma de vida. ela não tinha problemas, nada conseguia adentrar a escuridão que a rodeava, nem a mais puntiforme fonte de luz jamais brilharia em seus olhos, ela era única.

não acreditava em bem ou mal, certo ou errado, sim ou não, para ela não havia esse maniqueísmo exacerbado. ela tinha seu próprio idioma, seu próprio estado, sua própria igreja, sua própria sociedade. deixava de ter coisas básicas que todo e qualquer ser humano tem, mas para ela não fazia diferença, uma vez que jamais chegou a conhecer outra coisa além do escuro ensurdecedor que a rodeava.

uma vez, todavia, tentou se aventurar pela claridade. não durou nem um segundo, a mais ínfima fonte de luz ofuscara seus olhos, trazendo dor insuportável. a dor tomou conta de seu ser, ela deixou de existir por alguns instantes, foi a dor mais aguda que sentira em sua vida. após esse episódio, ela jamais tentara sair do escuro e se sentiu mal por tentar descobrir se havia algo além do grande nada que a rodeava, sentiu que havia traído algo que sempre lhe fizera tanto bem. ela nunca chegaria a conhecer o tipo de dor que você conhece, da mesma forma que você jamais saberá o tipo de dor que ela sentiu quando tentou olhar de relance uma pequenina fonte de luz.

se você tivesse a chance de vê-la, a acharia mais indefesa do que um animal acuado e aterrorizado de pavor. e você sentiria pena dela. você sentiria dó dela, tentaria ajudá-la, chegaria mais perto, e ela te atacaria como um animal feroz ataca sua presa, ela te atacaria com tanto afinco como uma pessoa que está prestes a morrer se agarra na última chance de sobrevivência. e você tentaria se livrar do ataque dela e correr pela sua vida, se conseguisse, jamais voltaria lá para tentar domá-la.

ela não era um animal, ela era mais sublime que o sentimento mais puro de amor que qualquer ser humano possa ter sentido. ela era sua evolução, ela era a imagem da auto-suficiência, ela não precisava de nada além dela própria.ela era melhor que qualquer ser humano, sozinha, no escuro.

ela sabia mais das coisas da vida, ela saberia viver em sociedade melhor do que ninguém, conseguiria dominar massas, fazer revoluções, exterminar raças, salvar o planeta... mas ela decidiu ficar em outro lugar. o resto dos ambientes eram impuros demais para recebê-la, ela poderia salvar o mundo, incluindo você, mas ela não podia, ela estava presa, sozinha, no escuro.

2.4.09

sobre o passado

hoje vi algumas fotos velhas. velhas mesmo, de quase um ano atrás, além de me impressionar com o tamanho que eu estava, me impressionei com outra coisa: deu vergonhazinha por eu ter feito as coisas que eu fiz. não todas as coisas, mas algumas. vergonhazinha, quase como uma vergonha alheia. em um ano suas concepções mudam absurdamente, coisas são incorporadas, outras descartadas.

hoje senti vergonha de mim mesma, e ainda foi de uma daquelas coisas que a gente nunca acha que sentirá vergonha na vida. você já se deparou com isso? deu vergonha de tudo, do que foi, do fim que teve, do jeito que eu me senti depois, que medo! foi bem o tipo de situação que todo mundo percebia e eu não, aquele tipo de situação que você só consegue reparar quando está fora dela.

as fotos em questão foram umas que eu devo ter visto só uma vez, estavam em um arquivo compactado nomeado como "para jo", como tenho boa memória, nem lembrava o que existia para mim. como tenho preguiça de descompactar qualquer arquivo, então só vejo uma vez pra ver se tem alguma coisa que eu ache interessante. MEU DEUS (na falta de uma interjeição melhor, vai essa mesmo), eu estava uma baleia, bizarrinha, com uma cara de otária por uma pessoa que conseguia ser muito mais otária que eu e eu não percebi até uns dois meses atrás. quer figura mais horrível de si mesma do que isso?

o problema da história (ou solução, dependendo do ponto de vista...) é que as pessoas mudam muito e constantemente. o que acarreta na mudança de visão: o que era bonito não é mais, o que era legal passa a ser despresível, e o ser em questão passa a sentir vergonha de ter feito algo. nunca tinha sentido isso com tanta intensidade, fiquei com vergonha de mim, e o pior, no meu caso, nem foi uma daquelas coisas de quando se tem vinte anos e vê algum diário de quando tinha treze. foi mais ou menos há um ano atrás. só agradeço por não ter mais aquela aparência nem por estar cega como naquela época. ufa!

desconfio que isso seja obra do ego ausente. to começando a ficar com medo de verdade dessa história de não ser mais a melhor do mundo... é bom, porque assim eu aprendi a não cometer os mesmos erros. resoluções de março. adoro.

1.4.09

férias

meu ego foi viajar e levou com ele parte da minha personalidade. to estranhando viver e me considerar uma pessoa como qualquer outra. estranhando bastante.... mas ele se foi e acho que vai demorar pra voltar. se essa folga do ego não acarretar em algo mais sério durante esse mês terei que achar algo pra fazer. droga.



f5
deixei de ser trouxa também. vem me zoar agora, vem. tentei ser boazinha por dois anos inteiros, só me fodi e levei na testa literalmente.

the old me is back.pelo menos até eu dormir hoje à noite.