24.3.10

f5

tenho preguiça de escrever. acho que vou me isolar do mundo pra me forçar a. mentira, nem vou, nunca me isolo do mundo. preciso de vergonha na cara e fazer mais amanda, mais contos e todos os mimimis que tem aqui.

pra que mesmo? ah, é, tem o objetivo maior. preciso de menos tempo dormindo, menos tempo corrigindo lição e mais tempo sozinha no escuro.

algum dia desses tem mais coisa nova por aí.

14.3.10

sintonia aleatória

seu cabelo é tão grande! você deve ter dor de cabeça.
não, mas às vezes tenho vontade de dar um tiro na cabeça.
por causa do cabelo?
não, só quando eu tô no ônibus e vejo uma barata atravessando a rua.
ahh tá.
o que você acha de icebergs?
eu acho que eles devem ser amigáveis, não?
é, são. fiz amizade com um uma vez...
sério?! sobre que tipo de coisas eles falam?
eles não falam muito. só de vez em quando, quando eles fazem um barulhão acho que é quando eles dizem que vão viajar ou sair, não sei. toda vez que eles falam isso eles se soltam e saem vagando por aí, meio que sem destino.
tipo aqueles mendigos que se vê pela rua, né?
é...
...
às vezes tenho vontade de dar um tiro na cabeça de todo mundo.
eu só tenho vontade de dar um tiro na minha cabeça.
não, é que... as pessoas me irritam. elas vivem a vida delas e isso me irrita.
mas não é pra isso que elas existem?
não. elas existem pra fazer figuração na vida das outras de graça.
acho sua opinião idiota.
eu sei que é idiota, mas é tão idiota que pode ser verdadeiro.
isso realmente faz sentido pra você?
sim.
então você realmente não é a pessoa que eu achei que você fosse.
você conversa com icebergs, quem é você pra falar?
mas...
e os icebergs também são figurantes na sua vida. e você nas dele. aposto que um iceberg vê muito mais coisa que você já viu e nem se preocupa em contar. você é uma pessoa do ônibus pro iceberg.
pessoa do ônibus? mas nem tem ônibus lá!
pessoas do ônibus são figurantes. você é figurante do iceberg, então você é uma pessoa do ônibus.
eu poderia ser uma pessoa do trenó...
tem cachorros?
não, é motorizado.
ah, pena. gosto daqueles com cachorros. se bem que eles devem deixar um rastro com cocô.
eu preferiria pulgas, elas seriam mais espertas. não tem aqueles circos de pulgas?
só vi na tv, acho que é invenção.
é, pode ser. mas icebergs não se dariam bem com pulgas, eu acho.
por que?
porque elas são tão pequenas e pretas e eles são tão grandes e brancos...
meio antagônico, né?
não, acho só que não combinaria. ia ficar feio, muito alvi-negro.
eu não gosto de verde.
um monte de gente não gosta de verde.
não, mas verde é realmente uma cor estranha.
não é estranha, tem verde em todo lugar. roxo é uma cor estranha.
roxo me lembra você.
por que?
porque sim.
tá...
algumas vezes eu sou tão óbvia que eu me perco na minha obviedade latente.
é, eu também.
não, você não é óbvio. você é amigo de icebergs.
tá bom.
tô com sono.
vai dormir.
já vou. por que você ficou amigo de icebergs?
eu tava lá, eles também...
sempre esqueço como você é comunicativo.
é... queria ver um iceberg bêbado. dei vodka pra um beber, não fez muito efeito, acho que ele precisaria de mais.
é, eles são grandes.
são, menos os filhotes.
filhotes sempre são pequenos.
tô com sono.
eu também.
vamos dormir?
não.

5.3.10

madrugada adentro e estupidez de sobra

descobri que ou eu posso dormir ou escrever. escrever é mais legal, mentira, dormir é muito mais legal que qualquer coisa na vida. e como faz bastante tempo que eu não escrevo coisas bizarras por extrema falta do que escrever, cá estou eu.

passando esse parágrafo introdutório, vamos aos promenores. hoje eu senti felicidade extrema, do tipo que eu não sentia há eras. por quê? sei lá. suponho que esse texto medíocre descambe pra mais uma "ode às pessoas" que eu tenho de tempos em tempos. e, se descambar, serei extremamente arrogante, como só eu sei ser mas tento reprimir por piedade e senso de coletividade - mais senso de coletividade do que piedade, na verdade. lembrando que a opinião do leitor pouco importa - se não for totalmente descabida de importância - para mim.

sugiro que leia kafka, o cara é um puto. sério. larga o crepúsculo, o harry potter, a auto-ajuda e todos os possíveis best sellers que estejam em mãos, vá para a primeira banca que você achar e compre um pocket book do kafka. provavelmente será ou o processo ou a metamorfose. sugiro a metamorfose pra começar, o poder de descrição do cara é absolutamente foda.

passada a dica de leitura, chega-se ao poderio do mês de março. ah, março, só março na minha vida. março é sempre março, e esse não tá deixando a desejar a qualquer outro março. algum dia descubro por que raios esse mês é tudo isso nos meus ciclos. enquanto tem gente que é ano novo ou aniversário, minha pegada é em março. tudo começa em março. repeti março quinze vezes no parágrafo só para atestar minha empatia com o mês três.

afora isso, vale-se dizer que as pessoas sempre surpreendem. ou pro lado legal da coisa, ou pro lado zoado. tudo bem que a grande maioria continua sendo a massa amorfa que só existe pra fazer número e tirar comida da outra grande massa amorfa de pessoas que passam fome. sou ruim, sou sacana mesmo e nunca escondo de ninguém. dica de vida para o leitor: se alguém diz que não serve pra você, acredite. se alguém diz que não vale o que você merece, acredite. se alguém diz que é sacana, acredite. se alguém diz... ah, você entendeu, né? pessoas que dizem esse tipo de coisa não mentem nessas afirmações. aprenda: pessoas mentem por coisas boas, aumentam qualidades e escondem os defeitos. quem chega e mostra o defeito na cara deve ser levado a sério.

mas voltando as pessoas, sim? tem gente que sabe exatamente o que fazer. sério. sabe a hora certa de estar presente, de estar avulso, de se fazer distante só pra conseguir o que quer. por mais que possa ser inconsciente, faz. isso é muito legal. e meio que anda me fodendo. mentira, nem anda, mas se eu penso por mais de trinta segundos mais de uma vez por dia é sinal de que algum efeito tem sobre minha psique. em contrapartida, tem gente que inspira dó. inspira dó por razões inúmeras as quais não elencarei nesse amontoado de coisas à lá querido diário, uma pra não dar mais razão pra mimimis, outra porque eu morro de preguiça. me atenho às outras que me intrigam. o mais legal é que eu sei que eu lerei esse texto daqui uns meses e nem vou saber do que eu estava me referindo nesse parágrafo. falta de memória é tudo na vida de alguém. falta de memória + tudo novo = o que aconteceu que eu não lembro?

não acredito que já faz um ano da viagem toda - a qual eu provavelmente lembrar-me-ei por toda minha vida. o pior não é a viagem em si, sim gente falando que é de verdade. essa gente me assusta, sério. acho que o pior mesmo é eu não ter me arrependido da decisão dentro do ônibus há mais de ano. perdão pelo texto intimista clariceano (clarice me dá nojo e todo mundo que a endeusa cai no meu nível de bom gosto literário), mas é o poder de março por sobre mim. (adoro preposições compostas.)

março, ó março. escreverei uma letra de música tosca sobre esse mês, sério. pessoas, ah, pessoas, como vocês me entretem, como vocês me divertem, como alguns de vocês me inspiram pena! por mais que eu ache a grande maioria de vocês indigna de atenção, vocês tornam minha vida mais divertida.

no mais, notícias sobre o blog: logo mais amanda. e também ideias para um conto um tanto diferente.

até a vista, caro leitor. desculpe forçar um textinho medíocre desses que você acha por toda a baixa blogosfera. se bem que, querendo ou não, é isso o que a maioria de vocês prefere, não é mesmo?