29.1.10

recado:

boudica manda dizer oi.

27.1.10

divagações de uma sacertotisa

para que entenda melhor minha situação, devo voltar à minha infância: nasci em um castelo com todas as pompas de monarca, imperatriz, ou a figura que vier à sua cabeça quando se assiste a um filme sobre a aristocracia européia no século XVIII. tudo bem, eu assumo, não é verdade; não nasci em um castelo, não sou rainha, princesa ou qualquer coisa do tipo. sou, sim, herdeira de algo grandioso, único e incrível, assumo; mas longe de estar em um castelo com vestidos grandes e todas as coisas que vem junto com eles e com posições de alto escalão monárquicas. como herdeira de tal "reino" fui criada para assumi-lo, quando a hora se fizesse presente. como você já deve ter visto em filmes ou estudado durante alguma aula de história, pessoas incumbidas às grandes posições devem adotar um certo tipo de comportamento que é um tanto diferente do resto da população. infelizmente eu sou uma dessas pessoas.

tudo que sou é resultado de anos de educação a ferro e fogo. a quantas punições severas já fui acometida, quando jovem, por tomar as decisões que não deveriam ser tomadas... só porque tive compaixão, porque não queria deixar que ninguém se ferisse ou que acontecesse qualquer coisa má com quem não merecesse. muitas vezes troquei o sofrimento dessas pessoas pelo meu. sofria de peito aberto, sem medo da dor por ter certeza de que estaria fazendo algo bom. demorou para aprender as incumbências de minha posição!

é difícil aprender que para o bem maior alguns poucos devam sofrer. tudo bem, é uma decisão lógica. o problema, entretanto, é quando é você quem tem que tomar tais decisões. o seu comportamento é totalmente reforjado, depois de um tempo você aceita a posição e passa a entendê-la, começa a ver como as coisas que você deve fazer são necessárias para a fundação de uma nova ordem social. depois que se percebe esse ponto, para passar a admirar ou até mesmo apreciar a posição de advogado do diabo é questão de pouquíssimo tempo. a maioria se corrompe, o que suponho - e espero - que não tenha acontecido comigo.

agora, já não sou o tipo de pessoa que se pode brincar sem medo. não, nem quando era criança: a posição é herdada e, com ela, o comportamento sóbrio e austero. sou o que dizem ser uma vilã, uma pessoa má que faz as outras sofrerem por livre e espontânea vontade, que não tem moral, não tem méritos e tem um passe livre para a área vip do inferno. pelo menos é o que dizem, não estão certos, mas é o que falam. minha popularidade não é tão boa quanto eu gostaria, afinal, todos necessitam ter medo de mim. hoje eu sei que se entendessem não haveria sentido para que a posição existisse.

tenho essa imagem ruim adotada pelas pessoas porque não são pelos padrões morais de alguém que julgam-se as coisas. é dada atenção, predominantemente, ao que a ação adotada vá trazer aos outros: pode ser um exemplo a ser evitado, inspiração, ou qualquer outra coisa que seja necessária no momento, mas nunca é julgada a índole da pessoa. para que seja melhor entendido, tomo como exemplo uma situação conhecida por todos os cristãos: eu seria a pessoa que fez judas trair jesus e o comandante que condenou o assim-chamado filho de deus à morte. é com esse tipo de coisa que sou obrigada a lidar todos os dias. talvez em menor escala, mas eu não tenho empatia pelas situações, eu executo ordens, porque é isso que deve ser feito para um bem maior.

infelizmente, para executá-las é necessário que eu esteja presente. não sou qualquer criatura sobrenatural ou qualquer espécie de deus, sou um ser humano normal como você. com a minha presença necessária, toda a má publicidade vem para mim. sou eu quem é manipuladora, sou eu quem é vil, sou eu quem arruina vidas... mas alguém tem que fazê-lo. é para o equilíbrio do todo.

agora, olhando para o passado, eu consigo enxergar que minha índole foi criada para que eu pudesse adotar as posturas necessárias, sem me sentir mal como qualquer outra pessoa sentiria. eu tento fugir disso, dessa desumanização imposta a mim. não consigo, já faz parte de mim. associo a um vício impossível de se abandonar. dá prazer, um prazer imenso, sensação de ter superado o nirvana. como se luta contra algo assim? só sei que tento. tento todos os dias e falho dolorosamente em cada um deles. não é por mal ou falta de vontade. todos que passaram pela posição antes de mim apreciavam a posição, diziam ser tudo que eles sempre quiseram. eu não aprecio, eu não gosto, eu não tive escolha. nunca quis estar nessa posição, nunca quis que esse vício tivesse sido desenvolvido dentro de mim. eu lutei contra todos os envolvidos na operação, lutei contra a operação, lutei... eles só diziam para que eu aceitasse logo e os privasse de maiores esforços. hoje eu digo que eles tiveram que se esforçar bastante, mas o meu esforço foi em vão, eles me venceram.

sou a sacerdotisa viciada no trabalho sujo dos maiores, eu pelo menos deveria ter uma vida de sucesso e alegria, para que algo compensasse. mas nem isso, minha vida sempre foi um emaranhado de coisas horríveis acontecendo suscetivamente, sem que eu pudesse tomar qualquer ação contrária. sempre tive uma vida horrível, com uma posição horrível que só traz desgraça e dor, quando tudo que eu sempre quis fazer era exatamente o contrário. eu sempre quis amar, fazer o bem, curar da dor. toda vez que falhava nas tentativas era dito que este não era o meu papel, que eu não tinha sido criada para ele.

tentei muito nadar contra tudo, até que aceitei meu fardo. hoje me considero uma viciada. continuo lutando contra meu vício, apesar de não vislumbrar qualquer chance de êxito. peço desculpas a todos por ser fraca e não conseguir superar essas adversidades. peço para que não seja julgada, não há como saber o que acarreta estar nessa posição se nunca se esteve nela, não há como se fazer a menor idéia. é terrível ser você quem tem que fazer o trabalho sujo. me desculpo novamente e reafirmo: não tive a menor chance de escolha.

24.1.10

f5

adoro épocas de merda. fico tão inspirada. conto novo em breve.




isso me leva a pensar que quando eu precisar escrever sem parar eu vou ter que estar MUITO mal. óquei, posso viver com isso.

22.1.10

a fabulosa história da jovem senhora, do senhor e dos pobres rapazotes

uma jovem senhora, lá pelo fim dos vinte, se achava a espertalhona. tinha problemas como todas as outras pessoas, mas tendenciava a achar que tudo era relacionado a ela. não que algumas situações realmente fossem, mas a frequência era tão ínfima que não valeria para as estatísticas. essa jovem senhora era amável, tentava fazer as coisas certo e morria de medo de perder alguém que amasse, morria absurdamente de medo. ela fazia de tudo para não perder alguém, e com isso, sempre acabava perdendo só por achar que era tudo relacionado a ela.

eis que essa jovem senhora encontrou um senhor. senhor mesmo, com bastante experiência e conhecimento. ele se interessou pela jovem senhora, achou que poderia ensiná-la diversas coisas que ela demoraria bastante tempo para aprender. pensou que poderia ensiná-la sobre as estrelas e os planetas, sobre deus e demônios, sobre a inconstância do certo e do errado, sobre a vida e tudo mais. o tipo de coisa de gente mais velha, que quer mostrar para o mundo jeitos mais fáceis de viver a vida, adora. conversavam, eram amigos, ele a aconselhava e ela o entretia. puderam construir uma boa amizade com base na confiança que havia entre os dois.

um dia, essa jovem senhora encontrou um rapaz e foi toda contente mostrar para o senhor a mais nova aquisição emocional que o rapaz lhe proporcionava. o senhor olhou bem, juntou fez as contas, reparou nas coisas e concluiu: o rapaz não ia fazer o que ela esperava que fizesse. como bom amigo, ele respondeu a verdade quando ela lhe indagou sobre o rapaz: "desculpe, mas ao meu ver ele não quer nada com você." ao ouvir e entender a opinião do querido amigo a jovem senhora continuou tentando com o rapaz. não que ela devesse acatar à opinião do senhor. não, ela tinha mesmo que tentar o que achava certo, mesmo que no fim ela visse que estava errada e só pudesse aprender com a situação.

mas, infelizmente, ela não era uma jovem senhora que aprendia rápido e a mesma coisa aconteceu muitas vezes durante os anos. tantas e tantas vezes que ela achou que era o senhor que não permitia que as coisas funcionassem como deveriam. então, uma hora, ela decidiu não contar ao senhor o mais novo comprimido de felicidade que encontrara: um rapazote com idade similar à dela. e o rapazote era muito bem intencionado do seu jeito próprio, não é o senso comum de boas intenções, mas ele se esforçava para fazer a jovem senhora feliz.

não demorou para o senhor perceber a falta de confiança vinda de sua amiga. ele ficou triste, porque acreditava que confiança e a verdade sempre foram seu guia de moralidade, as regras inquebráveis. e ela quebrou as regras. como estava triste e magoado, o senhor mostrou para ela o que ela havia feito e decidiu que seria melhor se afastar porque não há amizade se não há confiança.

a jovem senhora ficou muito triste, afinal o senhor era um bom amigo. então, o rapazote, que não queria vê-la triste, usou de algumas artimanhas muito bem trabalhadas para deixá-la melhor. fazer o bem achando um jeito de fazê-la se sentir com razão, a mimando um pouco mais. o senhor percebeu o que o rapazote tentava fazer e tentou persuadi-lo a parar porque ela precisava aprender com seus erros. o rapazote se negou veementemente a parar de fazer aquilo pela amada, afinal, ele não queria vê-la triste e só tentava fazer o bem por ela. além de nunca ter gostado muito do senhor, que achava que era má influência na vida da jovem senhora e poderia estragar seus planos um tanto estranhos.

então o senhor analisou bem a situação e decidiu que era hora de parar de ser tutor dos jovens, afinal, se não querem aprender, não há nada que possa ser feito. com uma última olhada a todos ele disse: que degladeiem-se.

é curioso notar que mesmo com o senhor afastado as coisas continuaram não dando certo para a jovem senhora: logo o rapazote foi embora e muitos outros vieram e foram tão rápidos e tão rasos como tudo que já havia acontecido. só parou no dia que a jovem senhora aprendeu a lição e realmente achou alguém que fizesse dar certo.

é triste que o senhor via que o céu estava escuro, que muitos raios caíam e dizia: "vai chover".

é triste que a jovem senhora achou que o senhor era o culpado da chuva.

é triste que o rapazote não tenha percebido o que estava fazendo e acabou sendo o próximo da lista a não se entender direito com a jovem senhora. tudo porque não a deixou aprender o que precisava aprender para que desse certo.




















é, essa é a minha versão da história toda. é só a minha visão e espero que não cause nenhum transtorno no seu relacionamento.

19.1.10

é.

morro de insônia, tô no meio de uma crise de falta de criatividade, achando que tudo que eu escrevo é um lixo (e realmente é, sem desculpas), levando bronca da fedelha que eu geralmente dou broncas, sendo forçada a assumir comprometimento chato com a família, com muito tempo livre.

é. não dá pra dizer nada além de "é".

16.1.10

f5

fechado para balanço.

7.1.10

25/11/07

minha mãe veio pra casa hoje. não, ela não melhorou milagrosamente. os médicos deixaram ela voltar e passar o resto do tempo dela com a gente, ou então eles só cansaram dela enchendo o saco e a mandaram embora... hoje a gente já se comportou como uma família normal, todos comendo juntos, rindo, passando tempo juntos, não tô acostumada com isso. mas tô feliz.

meu pai continua com a terapia e tá meio que voltando ao normal. fico feliz por ele, e por mim. minha mãe tá feliz em casa, e isso tá bem estranho pra mim. ela já começou a fazer os planos para o velório dela! mulher mórbida! vai entender a cabeça de alguém que sabe que tá morrendo... a fabíola ficou feliz com a minha mãe em casa e fez um monte de coisa gostosa pra ela comer. como o câncer dela é no pulmão, não tem muita coisa que ela não possa comer, é só evitar coisas pesadas e tal. acredita que ela nunca fumou???

na escola tá tudo lindo, pela primeira vez na minha vida eu não peguei recuperação nenhuma. tudo graças à elisa, se não fosse por ela eu tenho certeza que teria bombado esse ano. ela tem sido tão importante pra mim, tem me dado força, me feito rir, me mostrado coisas importantes que eu não conseguia ver sozinha... ela é incrível. tenho pensado muito nela, fico feliz quando ela tá por perto, assim, só de estar por perto, sem ter que fazer nada nem conversar nada. será que eu já escrevi aqui que ela é linda? só não sei como vai ficar nas férias, nem sei se a gente vai se ver todo dia ou se vai sair muito ou qualquer coisa. eu não quero ficar longe dela.

tô feliz com a minha mãe em casa, meu pai tá feliz, até a horácia tá feliz. eu sei que não vai ser por muito tempo e tudo mais, mas eu vou aproveitar o tempo que eu tiver, já que a minha mãe praticamente virou outra pessoa, uma bem mais agradável e eu adoro isso. tomara que o boletim saia antes que ela se vá. ela ficaria feliz de ver todas as notas azuis e boas.

mas eu vou dormir porque eu tô escrevendo com a lanterna e a elisa tá dormindo aqui. imagina se ela lê as coisas que eu escrevo?