30.11.09

17/11/07

meu pai começou a terapia anteontem, ele me disse que é bom pra ele. eu concordo, a terapeuta concorda e até minha mãe concorda. ele só começou porque ela pediu pra ele começar, segundo o que ela me disse eles tiveram uma conversa bem franca sobre ela indo pra "terra dos mortos" (palavras dela) e ele tendo que cuidar de mim e, por isso, ficar forte e tudo mais. pela primeira vez na vida dela ela foi mãe de verdade. ela me contou tudo, estamos tendo um bom relacionamento, pela primeira vez na minha vida. acho que ela descobriu que vai morrer e que foi uma mãe horrível e tá tentando consertar as coisas. tô aproveitando...

estou aceitando melhor a condição dela, temos conversado bastante e ela me fez ver que ela morrer não vai fazer muita diferença na minha vida. e, além de tudo, ela está feliz em ir embora. ela me assegurou que me ama e que ama meu pai, mas a vida que ela levava nunca foi a vida que ela quis pra ela. eu respeito a visão dela, entendo também. ela só fez as cosias que fez, só deixou a vida dela do jeito que ela não queria pro bem do meu pai e pro meu. foi um fracasso total, mas foi o melhor que ela pôde. ela pediu pra eu não falar nada disso pro meu pai, e eu nem ia falar mesmo, acho que seria o que faltava pra ele surtar.

tenho estado bem perto do meu pai também. tô tentando ajudar da melhor maneira possível, mas acho que com terapia ele vai conseguir se segurar. o que fode é que ele ama minha mãe demais, tá sendo muito difícil pra ele. mas tô fazendo tudo que eu posso pra deixá-lo feliz e tudo mais.

na escola está tudo bem, tenho tido notas boas e praticamente já passei de ano. a elisa também. ela continua estudando comigo. ela tem dormido aqui bastante. ficamos conversando e tal, ela me conhece melhor que todo mundo. outro dia dormimos abraçadas, foi bem gostoso. acho que tô começando a gostar dela não só como amiga. mas ainda não sei, quando eu descobrir o que tá acontecendo eu escrevo aqui. por enquanto tá tudo muito confuso, nunca pensei que fosse gostar de uma garota. talvez seja só carência, sei lá.

vou dormir porque eu tô com sono.

17.11.09

divagação

você sabe quando tem algo estóicamente errado quando não há nada a reclamar.


impassibilidade é tããããão marasmenta.

13.11.09

a/c grandissíssimo senhor todo poderoso

oi, desculpe não ter dado notícias nos últimos tempos. está tudo bem? então, tenho que contar, o mundo ficou de pernas para o ar nos últimos tempos! você acredita que as pessoas estão fazendo tudo que elas diziam que jamais fariam?

o cristiano está gay no momento, mas ele já foi bissexual, zoófilo, necrófilo, pedófilo e qualquer outra coisa que se imaginar. logo ele que era todo moralista!
a elize resolveu que iria emagrecer, está anoréxica, pesando menos que uma criança de nove anos e se acha do tamanho de uma orca. isso porque ela disse que jamais abriria mão da coxinha e do açúcar.
o lucius, que não gostava de drogas nem nada do tipo, resolveu que iria começar a fumar maconha. ele gostou do barato que o thc dá e foi ver qual era a das sintéticas: lsd, cocaína, bala, doce, brigadeiro, bombom, está usando tudo, sintético ou não. virou traficante e está matando todo mundo que chega perto das drogas dele, ele diz que importa tudo da colômbia. e ele adorava a realidade que só a sobriedade proporciona.
o geraldo que era todo pró diversidade e igualdade étnica levou um pé na bunda de uma etinia e agora odeia e mata todos os japoneses que vê pela frente.
o bruno e a leila morreram porque são japoneses e encontraram o geraldo uma vez. pena, eles eram tão legais e não tinham se corrompido.
a deborah virou prostituta, do nada ela decidiu que a vida de freira não era para ela, e, segundo o que ela mesma diz, seus planos são economizar e virar cafetina.
o henrique abriu um negócio novo. tráfico de órgãos, em parceria com a deborah, ela dopa os clientes (que pagam para ela adiantado) e roubam alguns órgãos. ela fica com o dinheiro do programa que ela não fez e ele com o dinheiro dos órgãos furtados. acho que é porque ele queria ser médico.

a lista vai e vai até aproximadamente seis bilhões e meio de pessoas. as outras poucas são as que não estão fazendo nenhuma atrocidade e acuadas em seus esconderijos. fiquei todo esse tempo sem escrever porque você me disse para não lhe importunar caso a situação ficasse realmente grave por aqui. pois bem, a hora é essa. eles estão se matando, acabando com tudo. mande alguém para cá urgentemente! se não quiser salvá-los, mande uma ordem para que eu possa pegar o transporte e sair desse mundo estranho que você me pôs para analisar o quanto antes.

atenciosamente,
diretora do serviço de análise geral do sétimo decreto de seres em evolução

p.s. tente salvar os pobres bastardos, me afeiçoei a eles nesse tempo que fiquei por aqui, eles tem potencial.

4.11.09

cigarro e manipulação das massas

eu fumo. fumo mesmo, adoro um cigarro. aliás, um só não, dois, três, vinte, quarenta, oitenta, todos os possíveis. as pessoas me associam a imagem do cigarro de forma ferrenha. os conhecidos perguntam para mim que tipo de cigarro é o que, qual cigarro é mais parecido com qual, qual a diferença de um para outro... já ensinei muita gente a fumar, e não me venha com aquele discurso politicamente correto, a pessoa já estava com um cigarro na boca, ensinei a usá-lo da maneira apropriada e a qual o lindo bastão nicotínico merecia: a tragar, os diferentes tipos de tragada, como segurar, como se portar com um cigarro na mão e assim por diante.

não, esse não é mais um texto sobre o digníssimo governador de são paulo com sua lei infame e anticonstitucional, caguei pra ele e pra proibição dele. é mais sobre o resto da população que mais parece com um rebanho de cordeirinhos que falam "mas você não vai parar de fumar?", "isso vai te matar!" e outros jargões que cansam. cada um tem seu vício, sua válvula de escape, o que seja... o meu é o cigarro, e não, não vou parar de fumar. pelo menos não tão cedo. não que eu jamais pense na possibilidade, nunca digo nunca, não sei o dia de amanhã. mas, quando eu coloco na balança, ainda há mais aspectos positivos do que negativos.

eu fumo porque eu gosto. aí virão anti-tabagistas chatos falar "isso é papo de viciado." e eu mando enfiar um aceso bem no meio do rabo. não é só por vício, eu consigo ficar um tempo absurdo sem fumar quando me convém, sem a menor vontade de fumar. o ônus da questão é que essas situações não se repetem com muita regularidade na minha vida. apesar disso não excluo a possibilidade de vício nicotínico.

eu fumo porque é meu tempo sozinha, sem ninguém pra me atazanar. é o meu prazer único e intransferível que eu posso fazer em público e que não preciso da ajuda de ninguém. já tive epifanias tremendas nesse tempo, já achei soluções para problemas incríveis, já achei resoluções de vida e algumas coisas a mais. o cigarro é amigo. a fumaça é bonita, fumar é sexy (não em mim), é bonito. e nem se pode dizer que fui vítima da inquisição da moral e bons costumes, quando eu era criança a ponto de entender as propagandas elas foram abolidas da tv, e devo dizer, nunca vi muito senso no cowboy do marlboro, nem nas ondas do hollywood e nem lembro da propaganda do free. acho bonito porque acho, do mesmo jeito que acho bonito uma mulher com camisetão desbotado, cabelo desgrenhado e descalça.

falando em propaganda, tempos atrás fui a uma exibição (que tentava ser anti-tabagista) sobre propaganda de cigarros nos primórdios da publicidade. as propagandas ostentavam jargões engraçadíssimos como "em vez de pegar um doce, pegue um luckie", "camel, o cigarro que os médicos preferem", "luckies não irritam sua garganta. é tostado!" e uma peça hilária de marlboro com fotos de bebês. nunca entendi publicitários (meus amigos publicitários que me perdoem, mas para mim essa é uma ciência que só vocês entendem). hoje, a propaganda está reversa. usam opiniões de médicos conceituados na mídia para embasar teorias não comprovadas cientificamente, adestrar a maior parte da população mundial criando medo inexistente. ninguém divulga que não é comprovado que o cigarro cause câncer, que a fumaça que sai do cigarro não é prejudicial (segundo pesquisa da OMS) e mais um monte de balbúrdias que eu tenho muita preguiça de elencar agora.

o mérito desse último parágrafo é observar o contraste de publicidade sobre meus grandes amigos. de mocinho a vilão em cerca de cinquenta anos. li em algum lugar tempos atrás que essa perseguição ao cigarro, tornando os fumantes praticamente criminosos, é um tipo de novo método de manipulação de massas, praticamente ditatorial. oras, você se pergunta, como é ditatorial se eles não me forçam a nada? muito bem perguntado, meu caro leitor, vamos lembrar da sua infância, sim? melhor, vamos tomar um cachorro sendo educado como exemplo: quando o cachorro faz algo errado, ele é punido. quando ele faz algo certo (lembre-se: certo é o que você quer que ele faça) ele é congratulado e ganha um prêmio. os governos mundiais estão fazendo exatamente a mesma coisa com as pessoas incluindo, provavelmente, você. resolveram que fumar era algo do mau, que só pessoas más o faziam. começaram a plantar essa idéia aos poucos na cabecinha de cada uma das pessoas. cachorros são maus quando fazem xixi dentro de casa. pessoas são más quando fumam. mas você não quer ser mau, você quer ser bonzinho. quem quer ser mal? o mal sempre perde no fim! você passa olhar para os cigarros com outros olhos. você quer ser bom, mas para ser bom, você precisa detestar, odiar, desrespeitar tudo o que dizem que é mau. o cigarro é mau, você deve repudiá-lo com todas as suas forças. fazendo isso, acatando à visão que querem que você acate, você vira uma boa pessoa. o bom cidadão. e eu digo: você é um cordeirinho sendo levado para onde querem levá-lo. o cachorro também começa, cedo ou tarde, a achar que fazer xixi dentro de casa é coisa de cachorros maus.

cigarro causa câncer. viver causa câncer. cigarro mata. todos os não fumantes também vão morrer. se você fumar você vai virar um bebê de compota. se você fumar você vai acabar com toda sua família, todos irão sofrer por causa do cigarro. se você fumar você vai broxar. se você fumar... tudo balela. é só pesquisar um pouco que você descobre tudinho sobre essas coisas.

eu fumo, fumo mesmo, e gosto, gosto pra caramba. continuo nadando contra a maré, continuo não abdicando de fazer o que eu quiser com a minha vida, continuo fazendo dela o que eu quero fazer. enquanto for uma droga legalizada fumarei. quando não for mais, me mudarei para algum lugar que ainda seja, e assim até o fim dos meus dias, ou até o balanço do ruim superar o bom. que fique claro: o meu balanço do bom e do ruim, não o do governo, não o seu, não o da minha família e assim por diante. não aceito pitacos dos outros sobre como eu devo viver minha vida.