12.7.11

seu babaca

"nossa! Como você conseguiu essa cicatriz?"

"foi um acidente."

"até parece... acidente, ela com essa forma certinha. vai conta aí, é ritual de magia negra?"

"sério, foi acidente."

"nem foi! fala a verdade, você é darque, não é?"

"não, foi acidente de verdade."

"tá bom, finge que eu acredito. conta a verdade aí."

"você quer a verdade? então tá.

um dia eu tava voltando pra casa do colégio quando um cara num carro me parou pra perguntar o caminho. aí, depois que eu expliquei, ele sacou uma arma e me mandou entrar. eu falei que não tinha dinheiro, que era pobre e tudo mais, mas ele me falou que não era dinheiro o que ele queria. ele me vendou, me fez deitar no chão na parte de trás do carro e, sei lá, parece que demorou muito. o carro parou. ele me tirou do carro, ainda vendada, e me levou pra dentro de um lugar. quando ele tirou minha venda eu estava num quarto de luz amarela, bem porco e bem podre. tinha umas marcas na parede e tudo mais, bem filme de terror. eu fiquei com muito medo. aí, ele tirou a roupa dele e me amarrou num gancho que tinha na parede. foi horrível. tão horrível que eu desmaiei. Quando eu acordei ele ainda estava em cina de mim. eu comecei a gritar, mas eu acho que ninguém ouviu, acho que era por causa da mordaça que ele tinha posto, não sei, não lembro direito. aí ele pegou um ferro quente e começou a me ameaçar. não sei por que aquele cara fez isso, já que ele nem me queimou, acho que era só pra manter o terror. daí ele foi embora e me deixou lá no escuro. ele me ameaçou com facas, vidros, ferro, fogo, tudo que você conseguir imaginar. ele me dizia constantemente que se eu tentasse fugir seria pior. ele fez essa cicatriz aqui pra me lembrar disso. no dia que ele fez isso, o terceiro, eu desmaiei, e, sei lá acho que o cara era burro, porque ele me amarrou, mas esqueceu de tirar a faca do quarto. quando eu acordei, não tinha ninguém lá, eu estava sangrando, mas não esperei ninguém me ajudar. desloquei o ombro esquerdo pra conseguir pegar a faca e esperar por ele com ela escondida. quando ele voltou, eu fingi que estava dormindo e peguei a faca com a minha mão livre e cortei a garganta dele. matei ele. minha sorte foi que ele caiu perto de mim e ele estava com a chave do cadeado que estava prendendo a corrente e com um celular, senão ia ficar lá pra sempre. liguei pra polícia. depois de umas duas horas eles chegaram e me resgataram."

"Nossa, sério isso? desculpa te lembrar dessa atrocidade."

"tudo bem, não tava falando sério mesmo. seu babaca."