28.4.10

eu deveria estar dormindo

eu deveria estar dormindo, mas estou aqui, escrevendo. por que raios, se amanhã vou ter que trabalhar porque está rolando o inferno naquela escola? tem gente com muleta, com pedra no rim, gente indo fazer fisioterapia, gente com membros deslocados e gente na uti. está praticamente um ambiente pós-batalha no século XVIII. e eu deveria estar dormindo.

antes que você pergunte, se é que você iria perguntar, a vida vai bem, obrigada. nada demais, nada de menos. se não fosse minha preguiça me assolando aposto que já teria começado a fazer o que eu acho que eu tenho que fazer, se bem que isso não diz respeito a você. acho que é só pela falta do que escrever mesmo.

suponho, mas só suponho, que a maré baixa de criatividade esteja passando. isso quer dizer que talvez, mas só talvez, haja mais textos nesse humilde espaço tosco da grande rede. e ainda estou assolada por ter que trabalhar praticamente todos os dias da semana. não, eu sou melhor que você e trabalho só nos dias que eu quero e ninguém se importa muito com isso. não fossem os infortúnios provindos de mau-olhado, uruca, macumba, inferno astral, seja lá o que se passa no meu ambiente de trabalho, eu teria trabalhado dois dias na semana.

o que eu acho mais incrível é que todo mundo se fode de algum jeito e eu tô aqui, firme e forte. e aposto um biscoito de chocolate que algo terrivelmente ruim acontecerá comigo só porque eu disse isso. mentira, nem aposto. mas eu realmente não me importaria se algo terrivelmente ruim acontecesse comigo. se acontecer, como boa alma que sou, postarei para que seja sanada a curiosidade do leitor.

o teste para ver se eu conseguiria escrever bêbada foi um fiasco. não tinha vodka suficiente para me deixar bêbada. sempre comento que eu detesto ser absurdamente forte para bebidas. e descobri que é qualquer bebida. bebi uns cinquenta mililitros de molho de pimenta (nem sei se foram cinquenta mililitros, mas foi um quarto de copo, que eu suponho, que comportava duzentos mililitros.) e nem aconteceu nada comigo. nada. só meu canal auditivo que ficou um pouco picante durante uns trinta segundos e acabou. isso, definitivamente, não é normal.

tenho brincado bastante de tirar fotos. tirar fotos é legal. algum dia vou sair sozinha pra tirar fotos de lugares. apesar de querer sair sozinha acho que é mais prático sair com algum homem grande que inspire medo para não ser roubada.

que fique o registro: acho a última parte do verão de vivaldi simplesmente perfeita. o crescente de violinos é formidável. mas eu deveria estar dormindo.

vou tentar dormir, apesar da certeza que demorarei horas e que terei milhões de ideias incríveis para escrever e não as escreverei, porque eu saberei que se sair da posição que eu estiver eu não vou conseguir dormir nunca, e, provavelmente o dia que estiver a se passar será horrível e eu entrarei para a lista de pessoas com algum problema grave no quadro de colaboradores do meu estimadíssimo ambiente de trabalho.

eu deveria estar dormindo, mas estou aqui, despejando um monte de asneiras porque o sono foi até a esquina dizendo que ia comprar um maço de cigarros e ainda não voltou.

23.4.10

sedução

ela esperava ansiosamente em seu trabalho pela chegada daquele ônibus. 7 2384. tinha decorado o número para saber de antemão que era ele quem havia chegado e já preparar o pingado e o saquinho de pão de queijo que ele tanto gostava. ele não precisava nem pedir, quando chegava ao balcão já estava tudo pronto à sua espera. ela parava qualquer pedido de qualquer cliente para preparar o de seu favorito.

ele era cobrador da linha que fazia ponto final em um terminal de ônibus e metrô bem movimentado. sempre usava a camisa encardida do uniforme com três botões desabotoados, óculos escuros como colar e passava gel que deixava brilho molhado no cabelo com luzes. ela a era atendente da lanchonete com quem ele sempre flertava.

se conheceram no clube de campo, quando ele estava saindo de uma partida de tênis e ela do treino de natação matinal. os dois estavam no restaurante do clube tomando café da manhã, ele não parava de olhar pra ela e ela não parava de fazer poses porque viu que tinha sido notada. ela era herdeira de alguma empresa enorme e ele era vice-diretor sul-americano de uma multinacional. como manda a etiqueta, ele tomou a iniciativa e pediu ao garçom que entregasse uma salada havaiana para ela. ele fazia isso todos os dias anonimamente.

a primeira vez que se falaram foi quando ele pagou a conta dela antes que ela pudesse tê-la pedido e quando a herdeira perguntou quem havia pago ao garçom ele indicou o vice-diretor. ela agradeceu indo à sua mesa perguntando se ele não gostaria de pagar o jantar algum outro dia e deixou seu telefone.

o cobrador, depois de três meses tomando pingado e comendo pão de queijo de graça, chamou a atendente da lanchonete para ir ao forró. ela não aceitou de primeira, preferiu dar a resposta três dias depois, para se fazer de difícil - e também porque já tinha marcado com benga, o pegador do bairro. ela desmarcou com o benga prometendo dar a ele uma recompensa, ele pensou que ela finalmente iria liberar o botão e nem ficou transtornado com a ideia.

no forró eles dançaram tanto que os dois saíram com os pés sujos. antes da metade da noite o cobrador já tinha aberto a camisa rosa mostrando seu torço não tão bem torneado e a atendente já tinha sido tão encoxada que ela se sentiu no ônibus intermunicipal das seis da manhã algumas vezes no decorrer da noite. ele pagou a ela duas doses de pinga com mel para que ela ficasse mais propensa a outras coisas, ela aguentou firme e não liberou nada para que ele não pensasse que ela era fácil.

na manhã seguinte à conta paga, ela, notando que o vice-diretor estava lá, foi até sua mesa e perguntou se aquela cadeira estava ocupada. ele tirou os olhos no laptop e ficou um tanto assustado com a postura da moça, mas relevou, eles eram ricos, tinham todo direito de serem excêntricos. tiveram um café da manhã agradabilíssimo, ladeado por posições sociais e filosofia pós-moderna. descobriram que tinham pontos de vista compatíveis, e era isso que ela buscava, e o que, para ele, deixava uma mulher interessante. o encontro para o jantar veio na noite seguinte, sendo marcado para a próxima semana porque a herdeira tinha uma viagem inadiável até o fim de semana seguinte. não era verdade, mas ela queria que ele acreditasse veementemente nisso - mesmo que fosse prejudicar seu treino de natação por não ir ao clube por praticamente uma semana.

no dia do jantar, ele chegou mais cedo e deixou aos cuidados do vallet um pequeno ramalhete discreto de lírios casablanca para ser entregue à herdeira quando chegasse. fez questão de que o vallet decorasse o pequeno texto de duas linhas e o congratulou com cinquenta reais, e disse que se fosse bem feito, daria outros cinquenta. as flores surtiram o efeito esperado, ela passou o jantar inteiro mais receptiva e amigável, dando sinais de que a elegância era o que ela mais apreciava em outra pessoa.

quando o cobrador voltou ao ponto final, pela primeira vez depois do forró, ficou tanto tempo conversando com a atendente que atrasou a saída do ônibus - se é que um ritual animalesco de acasalamento verbalizado possa ser chamado de conversa. quando ele chegou pela segunda vez ao ponto final ele a chamou para ir para um boteco que disse ser muito bom e ter coisas baratas, ela não sabia que esse bar ficava no mesmo quarteirão de um hotel barato que fazia promoção às quartas-feiras e aceitava ticket alimentação como pagamento.

eles foram ao bar e conversaram sobre muitas coisas, ele mostrou a ela como as coisas funcionavam em uma empresa de ônibus e ela revelou que todos os salgados da lanchonete eram terceirizados e vinham congelados. ele pagou diversas bebidas, ele sabia que mulheres ficam mais acessíveis quando bebem um pouco. ela, controlando a situação, bebeu só até o ponto em que ficaria mais solta para fazer o que ela chamava de "loucuras".

saíram de lá e foram para o hotel. ela teve uma noite que até valeu à pena e ele achou que todo dinheiro gasto - ao todo R$67,35 - não foi tão bem investido. ele não sabia que o tanto de pão de queijo e pingado que ele conseguiu de graça ultrapassava bastante o tanto que ele gastou.

depois do jantar, o vice-diretor ficou três dias afastado do clube, mandou uma mensagem de texto para a herdeira dizendo que estava em uma viagem de negócios em algum país da américa do sul. quando ele voltou, a herdeira já planejara algo que fosse memorável: sentou-se com ele na mesa do restaurante do clube e pediu de forma séria que ele desmarcasse todos os compromissos do dia. ele pestanejou um pouco, mas cedeu depois de remarcar os encargos mais importantes. ela, então o levou para um dos iates da família e informou que durante aquele dia ele estaria aos cuidados dela.

no iate, depois de algumas taças de champanhe da mais fina safra e depois de uma tarde formidável aconteceu o que havia de acontecer. ela ficou satisfeita por ter sido a primeira vez que algum acompanhante não houvesse ficado mareado, ele aproveitou a tarde, mas desgostou consideravelmente o tipo de atitude autoritária que ela demonstrara ter.

poucos dias depois do hotel, o cobrador informou à atendente que a chefia o havia mudado de linha e ele não estaria mais no ponto final todos os dias. ela não sabia que ele tinha pedido para mudar de itinerário porque ele não queria mais vê-la. ela ficou triste, porque teria que voltar aos braços de benga, o pegador do bairro, e tinha achado que o cobrador dançava forró melhor. ele deixou um número de telefone, visivelmente errado para que ela nunca mais conseguisse entrar em contato com ele.

no restaurante do clube, durante um dos alguns encontros que tiveram lá, o vice-diretor deu a notícia derradeira de que conseguira uma promoção e seria transferido o quanto antes para a filial da argentina. a herdeira não ficou impressionada, nem demonstrou qualquer excitação quando recebeu a notícia. mas isso só porque ela não sabia que ele estava mentindo e que realmente não iria para outro país, tampouco tivera alguma promoção. ele ainda se deu ao trabalho de responder algumas mensagens de texto até se cansar e dizer que havia se apaixonado por uma dançarina de tango. mas, nesse momento, ela já tinha o esquecido. estava envolta em outra aventura com um cobrador de ônibus, que conhecera quando o veículo em que ele trabalhava se chocou contra a traseira de seu carro no farol vermelho de um cruzamento perto de uma estação de metrô.

16.4.10

monólogos sobre a amizade. parte II

sinta-se privilegiada, escrevo sobre você ouvindo vivaldi. não é pra qualquer um. como todo e qualquer amigo ou conhecido meu, você é completamente desajustada. é pré-requisito e tal. apesar de ser desajustada, desregulada, demente, compulsante e todo e qualquer adjetivo degradante que possa vir à mente no momento, incrivelmente, você consegue superar todos eles com as coisas boas. e isso é bem insano.

você me entende, sabe porque eu faço uma ou outra coisa, ficou do meu lado quando o mundo resolveu que ia ficar todo trabalhado no mimimi melodramático e ridículo. só você e ele tiveram colhões pra fazer tal coisa e é por isso que eu amo vocês dois. amo do meu jeito, que nem é um amar tão direito assim. mas, olha só, você nem se importa.

eu te detesto por várias razões. detesto que você seja tão parecida comigo em muitos aspectos. detesto que quando a gente passa noites e noites conversando e divagando sobre nossas brisas meio dementes eu chego conclusões excruciantes sobre mim, a vida, o universo e tudo mais. te detesto por respeitar nosas diferenças abissais que começam na música e passam por todo tipo bizarro de coisa. o que não é igual é antagônico, e você sabe respeitar isso, e eu te detesto por isso também.

no dia que eu te encontrei eu tava meio bêbada, acho que foi a penúltima vez que eu fiquei bêbada. fui parar na sua casa sei lá como, depois trocamos horas de papo juntamente uma à outra. acho que só chegamos onde chegamos tão rápido porque eu tava meio bêbada naquele dia. o que mais me espantou é que depois da hora de papo trocada parecia que eu te conhecia há milênios. aquele sentimento fraternal de estar em casa meio bizarro que só acontecem com certas pessoas, e, adivinha, te detesto por isso também. você respeita minha falta de memória latente e já começa frases com "eu sei que você não se lembra mas...", você decide a minha vida por mim e só me informa do que irá se suceder. e eu te detesto por isso também. te detesto por mais algumas dúzias de coisas.

na verdade, eu detesto como você se fez presente, se faz presente e se fará presente. esse tipo de coisa me incomoda. porque eu sei que no fim, naquele fim lá, o último deles, você vai estar lá. nem me pergunta por que nem como eu sei, mas eu sei, e você sabe que quando eu sei das coisas eu realmente sei delas e elas acontecem. isso me dá medo porque você não vai deixar que eu enjoe de você. porque mesmo quando eu tiver enjoada, você vai estar lá conversando comigo e me mostrando coisas que eu não veria sozinha, e vai me mandar a merda por estar enjoada e realmente vai ignorar o fato e fazer tudo normal.

acho que não expliquei bem o motivo de eu te detestar tanto. eu detesto tudo isso porque eu realmente amo tudo isso em você. e destesto porque, por mais que eu saiba que não vai acontecer, no dia que você for embora - ou eu, vai saber - vai ser mais chato do que no dia que muita gente for embora. detesto tudo isso porque é meio que insubstituível. ninguém vai ter a sinergia que a gente bizarramente tem. ninguém vai entender a minha sinceridade do jeito que você entende. ninguém vai ver o que você vê, e que pra você - e só pra você - eu deixo explícito, sem surtar ou fazer qualquer coisa mais detestável. acho incrível como você não acha nada bizarro.

lembra como eu surgi do nada na sua vida e que nas duas próximas semanas ao nosso primeiro encontro eu praticamente morei nos fins de semana na sua casa? lembra que coisa mais absurda, naquele fatídico dia que nunca mais cresceu grama no canteirinho, uma galera surgiu do nada e eu fui com você pra sua casa pra ter certeza que você ficaria bem? gastamos uns cinquenta reais com doce e refrigerante e panguamos na sua casa fumando muito, falando muita bosta, você chorando esporádicamente, eu falando do seu futuro e ouvindo música estranha? lembra que eu disse que ia ficar tudo bem e que ia passar e você ia rir daquilo tudo? e no fim até que ficou. tá ficando. uma hora fica, sempre fica.

eu acho fofo como você tenta reconciliar as pessoas que não entendem as coisas que eu faço. acho fofo mais do que chato ou trazedor de drama. ah, detesto como você não faz drama nenhum comigo. eu detesto tanta coisa em você, mas tanta coisa.

lembra aquele dia que todo mundo tava dormindo, não tinha lugar pra gente dormir e ficamos divagando sobre aquelas coisas doidas? a conversa tava super interessante e fomos interrompidas por uma cliente da cantina da potyra? cara, aquela conversa me trouxe o que eu precisava. um tantinho a mais de temperança. acho bizarro como você tá sempre por perto nas horas que a temperança dá um oi.

não é porque você tem praticamente a minha idade, nem porque a gente já passou por muita coisa parecida, mas eu vejo em você alguém que eu possa contar também. porque ser sempre quem é mais calmo e quem pondera mais sobre os assuntos e aconselha é cansativo. é bom ter alguém que possa fazer essas coisas pela gente de vez em quando. acho legal também como a gente reveza na hora de fazer essas coisas. uma sua, uma minha, vice-versa.

obrigada por eu saber que você vai invariavelmente estar lá por mim, por qualquer motivo, em qualquer hora. você vai estar lá. obrigada por se detestavelmente insubstituível. obrigada por entender como a minha cabeça funciona. obrigada por entender a minha sinceridade. obrigada por entender todos os meus lados e minhas facetas e minhas vertentes e minhas personalidades. obrigada por passar noites em claro comigo. obrigada por ter impedido que eu pegasse alguma dst. e meu, isso tudo ficou muito mimizento.

7.4.10

a grande questão fragmentada

onde você procura? em si mesmo? em outra pessoa? no seu trabalho? na sua família? já conseguiu achar? já conseguiu tudo que queria e agora quer mais? quer outras coisas? o que você quer? como você quer? do que você é feito? como são as coisas para você?

seu trabalho é agradável ou é só uma ferramenta para conseguir as outras coisas? seu namoro, casamento, rolo é satisfatório ou serve só para passar o tempo? você realmente pensa que vai achar em outra pessoa? ou será que você mergulha em si mesmo para ver se acha a resposta em algum lugar inexplorado do seu ser? como você reage às situações? para que serve tudo isso? uma cortina de fumaça, talvez? separando você da tão almejada resposta? do grande sentido que ninguém nunca conseguiu explicar? será que tudo foi criado para que não fiquemos loucos tentando achar? deuses, religiões, culturas, absolutamente tudo?

como você se sentiria se tudo fosse uma farsa? se tudo não existisse na realidade? se tudo fosse um grande teatro consumado e intrinsecado na cultura mundial para que tudo ficasse menos difícil? como seria se tudo que você acredita não passasse de alguma fábula contemporânea cheia de facetas e caminhos e transgressões? o que você faria? o que te faz acreditar? o que te faz continuar seguindo por um caminho que você não tem a mínima ideia concreta para onde te leva? e se não te levar à nada? e se nada do que te disseram é ou alguma hora foi verdade? você já se perguntou essas coisas? você já quis saber os motivos cósmicos sobre tudo isso?

o que te faz continuar namorando com alguém? o que te faz querer casar com alguém? o que te faz conviver com alguém? carinho? amor? solidão? a esperança egoísta de achar algo que dê um sentido? que aponte um caminho? se seja seu provedor infinito ao que lhe falta? ou você é só egoísta? você consegue assumir isso? você consegue assumir que, na verdade, você está pouco se fodendo? você consegue perceber que você tenta fazer seu parceiro feliz só para que ele não lhe deixe sozinho sem nada para se amparar? ou você é um daqueles sonhadores épicos que acredita em alma gêmea ou num cavaleiro de histórias de princesas?

o que te faz levantar pelas manhãs? o que te dá forças para sair da cama? você liga o piloto automático e vive um dia após o outro, sem maiores inspirações? ou será que você já está cansado de tudo isso? será que você já desenvolveu nojo por toda a sociedade e pelo jeito que ela te moldou? você entende o motivo do seu emprego? entende o motivo de você achar que precisa dele? será que dinheiro é tão importante assim? já pensou em formas menos corrosivas de conseguir o suficiente para que você viva? já pensou em como um mendigo pode ser mais feliz que você? já pensou que talvez a simplicidade da vida dele seja a chave para tudo que ele sempre sonhou? ou você é um daqueles que os julga sem ao menos notar sua própria insignificância? você se colocaria no lugar de algum deles?

você está vivo só por estar ou você tem um objetivo maior? você quer fazer diferença? que tipo de diferença você quer fazer? seu ego é grande a esse ponto? ou você só quer fazer da sua vida algo insosso e simplório que não lhe dê muito trabalho? você acha que tem que fazer alguma diferença para alguém? você acha que você deve ser melhor e maior e mais preparado do que os outros? você acha que você é ou pode ser tudo que você sempre quis? você tem um sonho? você pretende realizar seu sonho? ou você só o vê como coisa utópica inalcansável? você acha que sonhar é para poucos? você tenta realizar seu sonho?

você busca algum tipo de individualidade? você tenta ser você mesmo e não o que os outros desejam que você seja? você já desenvolveu alguma espécie de pensamento crítico? se sim, tem bases sólidas em algo filosófico? ou será que a base é experiencial? será que a base é sólida assim? já pensou que talvez uma simples brisa pode fazer ruir todo o seu ponto de vista? o que seria de você sem ele? o que seria de você sem as coisas que você acha que você deve ter?

o que seria de você sem amor? o que seria de você sem o mínimo dinheiro necessário para que você mantivesse suas assim chamadas regalias da vida moderna? o que seria de você sem sua comida superfaturada? o que seria de você sem o seu controle remoto? sem a sua diversão? sem o seu entretenimento? o que seria de você sem suas obrigações? necessidades? o que seria do mundo se não fôssemos sociáveis? o que seria de tudo se todo ser humano presente neste momento no planeta começasse a se perguntar essas coisas? haveria revolução? haveria qualquer tipo de comoção social? haveria passeatas ou coisas similares? que parte você teria nisso?

o que seria de você se colocasse um ponto final nessa vida virtual que você chama de própria? o que seria de você se você abrisse os olhos e encarasse a realidade sem maquiagem alguma? você se deprimiria? você se sentiria liberto? você pararia de tentar? você tentaria alguma coisa? você usaria alguma máscara e continuaria seguindo as regras? você seria o que você quisesse? ou será que seria o que gostariam que você fosse?

o que te faz continuar vivendo, um dia após o outro, na mesma realidade que você sempre teve?

42

1.4.10

teste

vamos ver se funciona. estou a beber para ver se consigo produzir alguma coisa bêbada. mas temos dois poréns: primeiro, eu não conseguir escrever nada com verossimilhança; segundo, não ter bebida o suficiente pra me deixar bêbada. será que um quarto de litro combinado com um dia inteiro sem comer mais muito cansaço consegue me afetar?


veremos a seguir.

(por que eu tô fazendo isso?)