nossa, fiquei tanto tempo sem escrever... é que a minha vida não mudou muito nesse meio tempo. mentira, mudou sim pra caramba: só a minha mãe que ficou doente de verdade e teve que ser internada. mas a mulher é tão louca que ela conseguiu que os médicos permitissem que ela levasse os negócios de pintura dela. tenho ido visitá-la quase sempre, mas os médicos disseram que o câncer não tem mais volta, que é só uma questão de tempo e blá blá blá, todas essas bostas que eles falam. cara, eu vou perder minha mãe! tudo bem que ela nunca foi uma mãe de verdade, mas, porra, eu tenho metade dos genes dela! mas eu tô bem mais preocupada com meu pai, parece que ele vai surtar em breve, e, assim, meu pai não pode surtar, se ele surtar fodeu tudo. então eu tô me concentrando mais nele. tentando fazê-lo ver que isso é o melhor pra ela, falar aquelas babaquices que sempre consolam as pessoas "deus quer assim, respeite a vontade dele..." com ele surte efeito, eu, pelo menos, tenho uma boa desculpa pra ir mal na escola, mas a elisa não deixa... já estou falando pro meu pai começar a terapia, eu não sei o que ele sente pela minha mãe, mas terapia pra ele não vai ser de todo mal... família de loucos, puxa, não vou ter filhos, imagina o futuro deles?
a elisa tá me dando muito apoio, aguentando todas as minhas tpms e crises de depressão. estamos cada vez mais próximas, ela é uma puta amiga, eu realmente a amo. ela diz que me ama, e eu acredito. ela tem estado bem próxima da gente, de mim, do meu pai e até da minha mãe, sempre que eu vou visitá-la ela vai junto. as enfermeiras acham que ela é filha da minha mãe também. na escola não desgrudamos mais, apesar de a elisa ser bem popular, mas eu não sou ciumenta... ela tá me fazendo ser mais popular também. acho que ela é popular só por causa da aura de "adolescente transviada" que ela tem... se soubessem que é só pose... hahaha
minha mãe está aceitando bem a doença dela. ela decidiu raspar a cabeça e não ver o cabelo cair por causa da químio. já levei diversas perucas coloridas pra ela usar, e ela está usando! não sei se a minha preferida é a verde limão ou a rosa berrante, mas ela realmente prefere a roxa. sempre que eu vou lá ela troca a roxa pela verde e depois pela rosa. acho que ela reparou que vai morrer e quer ser legal comigo. bonito vindo dela... talvez seja o jeito dela de pedir desculpas ou qualquer coisa do tipo. só espero que ela não me puxe pra uma daquelas conversas de gente que está morrendo e quer falar tudo que sente pelos outros e tal. ia ficar muito filme clichet americano... acho que nem quero. e outra, é porque eu não quero chorar na frente dela, eu tô meio que sendo a parte forte da casa agora, o que tá mantendo tudo de pé e funcionando. não posso me dar ao luxo de não ser forte agora, meu pai precisa de mim.
mas se não fosse pela elisa, provavelmente eu estaria descabelada ou me drogando por aí, então a culpa é dela de eu conseguir ser a forte aqui... não sei como eu vou poder agradecer essa amizade algum dia... a fabíola tá tomando conta da casa toda, ela é muito legal, faz parte da família já. acho que até ela vai sentir falta da minha mãe, talvez até a horácia sinta falta da minha mãe, mas eu acho que não muito, a cabeça dela é pequena, então o cérebro dela também é. e ela só viu minha mãe umas dez vezes, acho que ela não vai lembrar muito bem não...
eu vou sentir falta da minha mãe. queria que ela se recuperasse. bah, vou dormir antes que eu comece a chorar aqui.
29.9.09
21.9.09
começou
e eu comecei a escrever meu livro.
jamais pensei que eu iria falar essa frase e que eu ia escrevê-lo realmente.
jamais pensei que eu iria falar essa frase e que eu ia escrevê-lo realmente.
coisas:
fatos cotidianos do dia a dia
17.9.09
trabalho nosso de cada dia
"I liked to salvador is the beautiful scenery, because have beachs, beautiful people, simpaticas people, things, clothes, many old houses good music, many good mu - sic*.
the river is many blue a beautiful blue, intresting musics!"
alguém acha que isso é uma redação? antes que venha me apedrejar, esse ser estuda inglês há, no mínimo (no mínimo, porque com isso não duvido que tenha reprovado algum livro), três anos e meio.
* separado assim porque a criatura resolveu que ia brincar de separação silábica no meio da "redação".
the river is many blue a beautiful blue, intresting musics!"
alguém acha que isso é uma redação? antes que venha me apedrejar, esse ser estuda inglês há, no mínimo (no mínimo, porque com isso não duvido que tenha reprovado algum livro), três anos e meio.
* separado assim porque a criatura resolveu que ia brincar de separação silábica no meio da "redação".
coisas:
fatos cotidianos do dia a dia,
insanidades
15.9.09
11.9.09
salada de frutas
eu sou amiga da atual do meu ex. essa é a frase que sempre causa espanto nas pessoas. não entendo o motivo dessa balburdia toda, é normal, natural, sei lá. a culpa não é minha dela ser legal, fui trocada por ela, pelo menos ela é tão legal quanto eu, só tem alguns atributos que eu não tenho, mas isso eu finjo que não sei para poder manter a amizade.
ela não era minha amiga antes, mas nos encontramos algumas vezes ao acaso, sabe como é, cidade grande, mundo pequeno. conversamos como duas pessoas civilizadas, como se ela não soubesse que eu já tinha chupado até o caroço e que ela estava pegando minha baba, e eu fingindo que a fruta não tinha me trocado por lábios mais carnudos. e não é que a menina era boa de papo? conversamos durante horas na primeira vez que nos vimos, o bonitão que deveria ser o centro da discórdia nem o assunto da conversa foi. fiz muita questão de contar pra ela do meu caso da época, sabe, pra não ficar com aquela ciumeira louca e desenfreada. depois da conversa trocamos contatos, email, telefone, essas coisas todas tecnológicas que aproximam as pessoas, continuamos conversando e viramos amigas. não éramos como amigas unha-e-carne, pastel-e-queijo, arroz-e-feijão ou qualquer outra alusão gastronômica que possa ocorrer, simplesmente conversávamos e tínhamos afinidades.
devo admitir que no começo eu queria saber dela com o único intuito de conhecer melhor a jogadora que tinha uma mão melhor que a minha naquela rodada. descobrir os segredos, as coisas que ela poderia proporcionar que eu não poderia, essas coisas de mulher trocada... e aposto que ela também queria a mesma coisa de mim, visto que ela teria que se manter melhor que eu para que não perdesse na próxima rodada. era um tanto difícil, aquietar o ego ferido e o coração partido para falar com ela com cordialidade e conseguir descobrir as coisas que eu queria.
aí que mantivemos contato primordialmente por email, é um jeito ótimo de se conversar com alguém: você tem tempo suficiente para achar o tom ideal para a idéia que você quer passar, além de ter a medida certa de trato pessoal e frio. e como as duas trabalham em escritórios de informática que emails são o principal meio de comunicação durante o expediente, ficava mais fácil ainda. um dia marcamos de almoçar, trabalhávamos relativamente perto, horários de almoço variáveis... almoçamos. conversamos muito também, o pior é que a desgraçada tinha tudo que eu tenho e um pouco mais. esse pouco mais eu demorei um tempo para identificar, mas é aquele tipo de mágica que só algumas pessoas tem, o tipo que acaba por subjugar todas as outras que não possuem tal dom. ela era realmente muito interessante, se eu não fosse tão aficcionada por formas fálicas eu provavelmente teria cogitado ter qualquer coisa com ela na época.
o que me intrigava é que éramos realmente muito parecidas, gostos, ambições, humor em comum. se fosse possível encontrá-la em outra situação provávelmente teríamos virado melhores amigas da noite para o dia. mas não, sempre tem um homem que não vale metade do esforço que desprendemos no meio. por causa dele nossa amizade levou alguns bons meses para ser construída, no meio tempo, ela estava lá com os lábios carnudos dela comendo a fruta que tinha sido minha e eu pulando de fruta em fruta para achar alguma que pudesse ser tão ou mais doce quanto a que ela estava chupando. a verdade é que eu demorei todo esse tempo para conseguir esquecer aquele maldito sabor, e sempre que eu os via juntos me dava fome e o pensar de que ela estava comendo a melhor fruta do mundo me assolava. mas ela era tão legal que até valia a dor alucinante que ela me causava umas duas vezes por mês.
nesse meio tempo chegaram minhas férias. fui viajar para outro país, e outros países, outras frutas. variedade incrível, todas ao alcance das mãos e com direito a amostra grátis, como se fosse um grande mercado de frutas em que os fruteiros dão pedaços de qualquer coisa que você pedir para experimentar. experimentei um pouco e achei a fruta perfeita para mim. doce e ácida na medida certa, gosto novo, formato anatômico, tudo feito milimetricamente pensando em mim. o bom é que a fruta também gostava dos meus atributos frutísticos, então nos demos muito bem. no fim daquele mês voltei para cá e, pasme, a fruta também, largou tudo lá e veio comigo.
quando cheguei de viagem com a minha fruta fui logo achar um jeito de marcar algum encontro social com a fruta ex e a mais minha mais nova amiga em potencial. aí que todos nos demos muito bem, conversamos como se fôssemos amigos de faculdade. as duas frutas se acharam o máximo e ficaram bem próximas. isso aproximou bastante a atual de mim, com as duas frutas se dando tão bem, não tínhamos muitas opções além de deixar a amizade crescer, uma vez que ela já não se sentia intimidada por mim e não doía mais em mim vê-la se deliciando com uma das frutas mais gostosas que eu já tinha comido.
viramos melhores amigas, enfim. nos ajudamos profissionalmente, trocamos dicas de cozinha, saíamos para comprar lingerie juntas e eu até dei umas dicas sobre os jeitos ainda desconhecidos por ela que a fruta que já pertencera a mim preferia que fosse mordida. no meio tempo, as frutas se aproximaram muito também, eram da mesma espécie, tinham quase as mesmas características, a diferença básica é que a fruta nativa era tropical e a importada setentrional.
tudo ia muito bem até o dia em que as frutas propuseram fazer uma salada conosco. pensamos juntas, conversamos bastante e decidimos que faríamos a tal salada. misturar gostos é uma coisa para poucos corajosos, e coragem era o que não nos faltava. a salada de frutas foi uma coisa incrível, deliciosa por completo. foi tão bom para todos que passamos a fazer isso com uma certa periodicidade. no meio da salada cada um de nós teve a chance de experimentar a fruta da mesma espécie que estava lá. e, bem, não posso dizer que não gostei... falando a verdade eu gostei muito, até acho que está virando meu tipo preferido de fruta. conversei com ela, ela está tendo os mesmos pensamentos que meus, afinal somos parecidíssimas.
agora estamos tentando achar um jeito de contar às frutas que mudamos de gostos e talvez não queiramos mais fazer uma salada com tanto sabor, preferimos um sabor diferente isolado daquela mistura toda. como iremos falar eu não sei, mas ela está de acordo comigo e eu com ela.
quero só ver o que as frutas vão achar disso tudo quando chegar a ocasião que planejamos expor nossas preferências gastronômicas. mas eu acho que tanto a fruta setentrional quanto a tropical gostaram tanto uma da outra quanto nós duas, então, acho que nem vai ser nada muito traumático para elas.
ela não era minha amiga antes, mas nos encontramos algumas vezes ao acaso, sabe como é, cidade grande, mundo pequeno. conversamos como duas pessoas civilizadas, como se ela não soubesse que eu já tinha chupado até o caroço e que ela estava pegando minha baba, e eu fingindo que a fruta não tinha me trocado por lábios mais carnudos. e não é que a menina era boa de papo? conversamos durante horas na primeira vez que nos vimos, o bonitão que deveria ser o centro da discórdia nem o assunto da conversa foi. fiz muita questão de contar pra ela do meu caso da época, sabe, pra não ficar com aquela ciumeira louca e desenfreada. depois da conversa trocamos contatos, email, telefone, essas coisas todas tecnológicas que aproximam as pessoas, continuamos conversando e viramos amigas. não éramos como amigas unha-e-carne, pastel-e-queijo, arroz-e-feijão ou qualquer outra alusão gastronômica que possa ocorrer, simplesmente conversávamos e tínhamos afinidades.
devo admitir que no começo eu queria saber dela com o único intuito de conhecer melhor a jogadora que tinha uma mão melhor que a minha naquela rodada. descobrir os segredos, as coisas que ela poderia proporcionar que eu não poderia, essas coisas de mulher trocada... e aposto que ela também queria a mesma coisa de mim, visto que ela teria que se manter melhor que eu para que não perdesse na próxima rodada. era um tanto difícil, aquietar o ego ferido e o coração partido para falar com ela com cordialidade e conseguir descobrir as coisas que eu queria.
aí que mantivemos contato primordialmente por email, é um jeito ótimo de se conversar com alguém: você tem tempo suficiente para achar o tom ideal para a idéia que você quer passar, além de ter a medida certa de trato pessoal e frio. e como as duas trabalham em escritórios de informática que emails são o principal meio de comunicação durante o expediente, ficava mais fácil ainda. um dia marcamos de almoçar, trabalhávamos relativamente perto, horários de almoço variáveis... almoçamos. conversamos muito também, o pior é que a desgraçada tinha tudo que eu tenho e um pouco mais. esse pouco mais eu demorei um tempo para identificar, mas é aquele tipo de mágica que só algumas pessoas tem, o tipo que acaba por subjugar todas as outras que não possuem tal dom. ela era realmente muito interessante, se eu não fosse tão aficcionada por formas fálicas eu provavelmente teria cogitado ter qualquer coisa com ela na época.
o que me intrigava é que éramos realmente muito parecidas, gostos, ambições, humor em comum. se fosse possível encontrá-la em outra situação provávelmente teríamos virado melhores amigas da noite para o dia. mas não, sempre tem um homem que não vale metade do esforço que desprendemos no meio. por causa dele nossa amizade levou alguns bons meses para ser construída, no meio tempo, ela estava lá com os lábios carnudos dela comendo a fruta que tinha sido minha e eu pulando de fruta em fruta para achar alguma que pudesse ser tão ou mais doce quanto a que ela estava chupando. a verdade é que eu demorei todo esse tempo para conseguir esquecer aquele maldito sabor, e sempre que eu os via juntos me dava fome e o pensar de que ela estava comendo a melhor fruta do mundo me assolava. mas ela era tão legal que até valia a dor alucinante que ela me causava umas duas vezes por mês.
nesse meio tempo chegaram minhas férias. fui viajar para outro país, e outros países, outras frutas. variedade incrível, todas ao alcance das mãos e com direito a amostra grátis, como se fosse um grande mercado de frutas em que os fruteiros dão pedaços de qualquer coisa que você pedir para experimentar. experimentei um pouco e achei a fruta perfeita para mim. doce e ácida na medida certa, gosto novo, formato anatômico, tudo feito milimetricamente pensando em mim. o bom é que a fruta também gostava dos meus atributos frutísticos, então nos demos muito bem. no fim daquele mês voltei para cá e, pasme, a fruta também, largou tudo lá e veio comigo.
quando cheguei de viagem com a minha fruta fui logo achar um jeito de marcar algum encontro social com a fruta ex e a mais minha mais nova amiga em potencial. aí que todos nos demos muito bem, conversamos como se fôssemos amigos de faculdade. as duas frutas se acharam o máximo e ficaram bem próximas. isso aproximou bastante a atual de mim, com as duas frutas se dando tão bem, não tínhamos muitas opções além de deixar a amizade crescer, uma vez que ela já não se sentia intimidada por mim e não doía mais em mim vê-la se deliciando com uma das frutas mais gostosas que eu já tinha comido.
viramos melhores amigas, enfim. nos ajudamos profissionalmente, trocamos dicas de cozinha, saíamos para comprar lingerie juntas e eu até dei umas dicas sobre os jeitos ainda desconhecidos por ela que a fruta que já pertencera a mim preferia que fosse mordida. no meio tempo, as frutas se aproximaram muito também, eram da mesma espécie, tinham quase as mesmas características, a diferença básica é que a fruta nativa era tropical e a importada setentrional.
tudo ia muito bem até o dia em que as frutas propuseram fazer uma salada conosco. pensamos juntas, conversamos bastante e decidimos que faríamos a tal salada. misturar gostos é uma coisa para poucos corajosos, e coragem era o que não nos faltava. a salada de frutas foi uma coisa incrível, deliciosa por completo. foi tão bom para todos que passamos a fazer isso com uma certa periodicidade. no meio da salada cada um de nós teve a chance de experimentar a fruta da mesma espécie que estava lá. e, bem, não posso dizer que não gostei... falando a verdade eu gostei muito, até acho que está virando meu tipo preferido de fruta. conversei com ela, ela está tendo os mesmos pensamentos que meus, afinal somos parecidíssimas.
agora estamos tentando achar um jeito de contar às frutas que mudamos de gostos e talvez não queiramos mais fazer uma salada com tanto sabor, preferimos um sabor diferente isolado daquela mistura toda. como iremos falar eu não sei, mas ela está de acordo comigo e eu com ela.
quero só ver o que as frutas vão achar disso tudo quando chegar a ocasião que planejamos expor nossas preferências gastronômicas. mas eu acho que tanto a fruta setentrional quanto a tropical gostaram tanto uma da outra quanto nós duas, então, acho que nem vai ser nada muito traumático para elas.
coisas:
contos
8.9.09
moral da história
estava a andar por um campo minado numa tarde de domingo ensolarada. dei um passo. click. "merda, vou perder minha perna". BOOOOOOOOM!!! voei alguns metros, legal, economizei uns passos. peguei meu cinto num ímpeto de sobrevivência e manufaturei um torniquete para não sangrar até secar. torniquete feito, tive que andar, ou melhor, pular até sair desse campo minado e conseguir ir até o hospital. no primeiro pulo, click. "merda, outra bomba. deveria ter me arrastado..." BOOOOOM!!! voei mais alguns metros e saí do campo minado. peguei um cipó para fazer outro torniquete e conseguir ajuda antes de todo meu sangue esvair-se pelo meu recém adquirido cotoco. eu consegui chegar ao hospital depois de me arrastar por cinco dias e hoje estou vivo.
moral da história: às vezes perdemos as duas pernas para continuarmos vivos. o segredo é só não se importar com piadas de pessoas cotocas depois de ter que se arrastar por aí sem pernas. vendo pelo lado bom, você ainda pode falar que é um tipo de herói de guerra e conseguir piedade alheia.
moral da história: às vezes perdemos as duas pernas para continuarmos vivos. o segredo é só não se importar com piadas de pessoas cotocas depois de ter que se arrastar por aí sem pernas. vendo pelo lado bom, você ainda pode falar que é um tipo de herói de guerra e conseguir piedade alheia.
coisas:
contos,
insanidades
4.9.09
no psiquiatra
- então, qual sua atividade favorita?
- gosto quando estou dormindo.
- interessante, e por quê?
- quando estou dormindo ela não existe e o fato dela me ignorar não me machuca.
- hm. ... acho que lítio seria uma boa solução.
sinto que isso parece uma situation do ccaa. hahaha
- gosto quando estou dormindo.
- interessante, e por quê?
- quando estou dormindo ela não existe e o fato dela me ignorar não me machuca.
- hm. ... acho que lítio seria uma boa solução.
sinto que isso parece uma situation do ccaa. hahaha
coisas:
contos
busca ao sentido
ouvia o som de suas pálpebras piscando enquanto olhava para o teto e as paredes tentando descobrir o que acontecia em sua vida. seria só um sonho? seria uma realidade paralela? havia passado a noite com os olhos abertos tentando achar respostas para uma pergunta que nem sabia ao certo. não chegara à resposta alguma, também, pudera, não tinha inteligência exuberante, nem de charme ou qualquer outro atrativo que valesse à pena ser comentado. era só uma pessoa normal que jamais poderia chegar a uma resposta para uma pergunta que não se sabia qual era. mesmo sabendo que uma pessoa normal não está normalmente numa situação desse tipo.
como se metera em tal problema? como as coisas progrediram até chegar ao dado estado assombroso de existência? o que teria feito para culminar ao infame ponto? não sabia responder, a única coisa que sabia era que tudo ao seu redor estava decaindo e caindo num abismo tão profundo que o que passava da metade da queda em direção ao chão jamais poderia ser recuperado. desconforto? desespero? medo? nada disso, apenas calma e indiferença. se perguntava como alguém sentimental poderia estar tão indiferente ante à situação tão aterrorizadora. como antes, não chegou a resposta alguma e parou de se perguntar. ao menos para essa falta de resposta tinha uma pergunta, não que fizesse muita diferença, no entanto.
ao refazer seus passos reparou que as coisas simplesmente aconteceram daquela forma, sem nenhum motivo específico, sem nenhum padrão, tudo só aconteceu. pensou e repensou em suas atitudes, não havia feito nada que fosse realmente errado ou algo que a sociedade condenaria como coisa ruim. se esforçara para ser uma boa pessoa! tentara ao máximo fazer com que todos se sentissem bem. tentara em sua melhor intenção fazer com que jamais magoasse alguém. como algo assim não era contabilizado? deveria haver algo de muito injusto pairando o ambiente.
se virava na cama e ouvia o som de seus músculos e articulações rangendo, o som do colchão se deformando ante ao peso de seu corpo. nada daquilo fazia sentido algum; tentava e tentava e tentava achar alguma resposta e alguma pergunta certa mas não obtera sucesso. desejou ter muito mais ou muito menos capacidade de raciocínio, assim talvez conseguiria viver em paz sem ter as perguntas e suas respectivas respostas ou não ter pergunta alguma, ser inerte e ir conforme a correnteza poderia levar. seu maior problema era ficar na mediocridade de quem não está confortável com as indagações infundadas e sua ausência de perguntas.
só poderia ser uma realidade paralela, um mundo estranho que não era habitado por mais ninguém. como ninguém mais conseguiria sentir as mesmas coisas que sentia? como alguém não sentia a dúvida latejando em seu âmago? tudo parecia muito supérfluo: a vida, as relações sociais, a necessidade de viver em sociedade... por quê? para que tudo aquilo existia? só para medíocres passarem o tempo em que estavam conscientes perseguindo respostas para perguntas que eles jamais saberiam fazer propriamente? tudo parecia muito sem sentido aos seus olhos. olhos que ardiam e lacrimejavam por estarem abertos por tempo demais e por autocompaixão, aquela situação desagradava demais para continuar rolando na cama, estava com sono mas não conseguia dormir, precisava achar um jeito de conseguir entender tudo aquilo.
orgulhou-se por ter forças suficientes para levantar e preparar uma mochila para achar o sentido da vida, não era algo fácil de se fazer quando não se queria mais nada. olhou ao seu redor com a certeza de que jamais veria aquela casa novamente, um olhar saudoso de quem se despede de um ambiente que foi por muito tempo habitado, um lugar familiar que trazia segurança só por saber que existia. colocou a mochila nas costas e saiu.
sem companhia, sem direção e sem expectativas por muito tempo, dias, meses, talvez anos. perdera a contagem do tempo, sabia que o tempo realmente passava porque seu cabelo crescia e por alguma razão desconexa se lembrava que os cabelos cresciam até mesmo depois da morte. se soubesse que era uma lenda talvez tivesse perdido menos tempo pensando que morrera e não percebera. andava, comia o que conseguia, descansava onde podia, não tinha a menor concepção de onde estaria indo ou de onde chegaria, só andava. por muito tempo pensava na ausência de perguntas, na ausência de respostas, no sentimento constante de que algo estava brutalmente errado. havia perdido a sanidade? havia esquecido quem era? não, isso nunca soube na realidade, esquecera seu nome, sua idade, sua família, mas jamais soubera intimamente quem era.
muitos anos depois, talvez décadas, andarilhando pelo mundo uma senhora de cabelos compridos e prateados lhe ofereceu comida e algum conforto para algumas horas de descanso. depois que havia descansado e se alimentado propriamente a senhora reapareceu e começou uma conversa que no começo parecia despretenciosa e amigável. indagou-lhe a razão de abandonar tudo, recebeu como resposta a ausência de perguntas e respostas certas. a senhora, então, sorriu e lhe disse que alguns quilômetros à frente havia um grande penhasco e lhe assegurou que no meio do caminho até o chão encontraria as perguntas certas e quando chegasse ao chão encontraria as respostas para as perguntas.
ao chegar à borda do grande penhasco começou a descê-lo se apoiando em pedras e pequenas reentrâncias em sua parede. a senhora observava ao longe com um semi sorriso em seu rosto. quando escorregou e caiu desfiladeiro abaixo, a senhora só contemplou e exclamou para si mesma: "mas eles nunca aprendem, he, he, he." - se ela soubesse que, exatamente ali naquele momento, as perguntas certas foram feitas e ao tocar o chão as respostas foram alcançadas ela talvez não tivesse capacidade de exteriorizar enfadonho comentário...
como se metera em tal problema? como as coisas progrediram até chegar ao dado estado assombroso de existência? o que teria feito para culminar ao infame ponto? não sabia responder, a única coisa que sabia era que tudo ao seu redor estava decaindo e caindo num abismo tão profundo que o que passava da metade da queda em direção ao chão jamais poderia ser recuperado. desconforto? desespero? medo? nada disso, apenas calma e indiferença. se perguntava como alguém sentimental poderia estar tão indiferente ante à situação tão aterrorizadora. como antes, não chegou a resposta alguma e parou de se perguntar. ao menos para essa falta de resposta tinha uma pergunta, não que fizesse muita diferença, no entanto.
ao refazer seus passos reparou que as coisas simplesmente aconteceram daquela forma, sem nenhum motivo específico, sem nenhum padrão, tudo só aconteceu. pensou e repensou em suas atitudes, não havia feito nada que fosse realmente errado ou algo que a sociedade condenaria como coisa ruim. se esforçara para ser uma boa pessoa! tentara ao máximo fazer com que todos se sentissem bem. tentara em sua melhor intenção fazer com que jamais magoasse alguém. como algo assim não era contabilizado? deveria haver algo de muito injusto pairando o ambiente.
se virava na cama e ouvia o som de seus músculos e articulações rangendo, o som do colchão se deformando ante ao peso de seu corpo. nada daquilo fazia sentido algum; tentava e tentava e tentava achar alguma resposta e alguma pergunta certa mas não obtera sucesso. desejou ter muito mais ou muito menos capacidade de raciocínio, assim talvez conseguiria viver em paz sem ter as perguntas e suas respectivas respostas ou não ter pergunta alguma, ser inerte e ir conforme a correnteza poderia levar. seu maior problema era ficar na mediocridade de quem não está confortável com as indagações infundadas e sua ausência de perguntas.
só poderia ser uma realidade paralela, um mundo estranho que não era habitado por mais ninguém. como ninguém mais conseguiria sentir as mesmas coisas que sentia? como alguém não sentia a dúvida latejando em seu âmago? tudo parecia muito supérfluo: a vida, as relações sociais, a necessidade de viver em sociedade... por quê? para que tudo aquilo existia? só para medíocres passarem o tempo em que estavam conscientes perseguindo respostas para perguntas que eles jamais saberiam fazer propriamente? tudo parecia muito sem sentido aos seus olhos. olhos que ardiam e lacrimejavam por estarem abertos por tempo demais e por autocompaixão, aquela situação desagradava demais para continuar rolando na cama, estava com sono mas não conseguia dormir, precisava achar um jeito de conseguir entender tudo aquilo.
orgulhou-se por ter forças suficientes para levantar e preparar uma mochila para achar o sentido da vida, não era algo fácil de se fazer quando não se queria mais nada. olhou ao seu redor com a certeza de que jamais veria aquela casa novamente, um olhar saudoso de quem se despede de um ambiente que foi por muito tempo habitado, um lugar familiar que trazia segurança só por saber que existia. colocou a mochila nas costas e saiu.
sem companhia, sem direção e sem expectativas por muito tempo, dias, meses, talvez anos. perdera a contagem do tempo, sabia que o tempo realmente passava porque seu cabelo crescia e por alguma razão desconexa se lembrava que os cabelos cresciam até mesmo depois da morte. se soubesse que era uma lenda talvez tivesse perdido menos tempo pensando que morrera e não percebera. andava, comia o que conseguia, descansava onde podia, não tinha a menor concepção de onde estaria indo ou de onde chegaria, só andava. por muito tempo pensava na ausência de perguntas, na ausência de respostas, no sentimento constante de que algo estava brutalmente errado. havia perdido a sanidade? havia esquecido quem era? não, isso nunca soube na realidade, esquecera seu nome, sua idade, sua família, mas jamais soubera intimamente quem era.
muitos anos depois, talvez décadas, andarilhando pelo mundo uma senhora de cabelos compridos e prateados lhe ofereceu comida e algum conforto para algumas horas de descanso. depois que havia descansado e se alimentado propriamente a senhora reapareceu e começou uma conversa que no começo parecia despretenciosa e amigável. indagou-lhe a razão de abandonar tudo, recebeu como resposta a ausência de perguntas e respostas certas. a senhora, então, sorriu e lhe disse que alguns quilômetros à frente havia um grande penhasco e lhe assegurou que no meio do caminho até o chão encontraria as perguntas certas e quando chegasse ao chão encontraria as respostas para as perguntas.
ao chegar à borda do grande penhasco começou a descê-lo se apoiando em pedras e pequenas reentrâncias em sua parede. a senhora observava ao longe com um semi sorriso em seu rosto. quando escorregou e caiu desfiladeiro abaixo, a senhora só contemplou e exclamou para si mesma: "mas eles nunca aprendem, he, he, he." - se ela soubesse que, exatamente ali naquele momento, as perguntas certas foram feitas e ao tocar o chão as respostas foram alcançadas ela talvez não tivesse capacidade de exteriorizar enfadonho comentário...
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